por Jorge de Souza | mar 19, 2024
Nas primeiras horas da manhã de 5 de outubro de 2023, quando navegava em solitário com seu veleiro Jambo, a cerca de 1 000 milhas da costa brasileira, após ter partido da ilha de Fernando de Noronha com destino à África do Sul, o velejador alemão Martin Daldrup, de 59 anos, sentiu um estrondo no casco do seu barco.
Navegador experiente, ele rapidamente saiu da cabine e olhou ao redor, para tentar descobrir no que havia batido, mas nada viu na superfície do mar que pudesse explicar aquele impacto.
Mas logo percebeu que o leme do veleiro não estava mais respondendo aos comandos do piloto automático.
Martin, então, voltou correndo para a cabine, a fim de checar o mecanismo interno do leme do seu Bavaria 34, cujo acesso era feito por baixo do assoalho do camarote de popa.
Mas para isso foi preciso, primeiro, esvaziá-lo, já que ele vinha sendo usado como depósito de comidas e equipamentos para aquela longa travessia.
O alemão passou a arremessar para fora da cabine tudo o que obstruía o acesso ao mecanismo, mas logo interrompeu a operação: já havia água sob os seus pés – sinal de que o barco estava sendo inundado pelo mar.
Ele ainda tentou conter a inundação, acionando todas as bombas de sucção que tinha.
Mas não adiantou: em questão de segundos, a água já estava na altura das suas canelas.
Não havia mais o que fazer.
Em vez de gastar tempo tentando evitar que o barco afundasse, era preciso se apressar para salvar a própria vida.
Com certa serenidade, embora o momento fosse propício para o puro pânico, Martin pôs em prática o que sempre exercitara mentalmente: o abandono do barco.
Pegou o passaporte, o telefone via satélite, um localizador pessoal portátil, uma bolsa de emergência – que mantinha sempre pronta, com água e alimentos, para situações como aquela -, e voltou ao convés.
Ali, lançou ao mar e disparou a injeção de ar em uma balsa salva-vidas inflável, pulando para dentro dela em seguida.
Depois, já na balsa – por força do hábito de quem passara os últimos anos registrando as travessias que fazia com seu veleiro para o bem-sucedido canal de vídeos que mantinha na internet -, Martin, mais conhecido como “Martin Jambo” nas redes sociais, fez aquele que seria o último registro fotográfico do seu veleiro, já bastante adernado pelo peso da água que entrava furiosamente por baixo do casco.
E ficou olhando o seu barco ser gradativamente engolido pelo oceano, até que desapareceu por completo.
Entre o instante do impacto e completo naufrágio do barco, pouco mais de cinco minutos havia se passado.
A bordo da pequena balsa salva vidas, Martin respirou fundo e ficou conjecturando sobre o que poderia ter causado o seu acidente.
Colisão com uma baleia que estivesse dormindo rente à superfície?
Sim, era possível: baleias em repouso nem sempre detectam a aproximação silenciosa de um veleiro.
E a época do ano, início da primavera, era favorável a presença maciça delas na costa brasileira.
Mas o fato de não ter avistado nenhuma movimentação na superfície, ao sair da cabine para tentar descobrir no que havia batido, fez o alemão concluir que aquele não havia sido o motivo do naufrágio do seu barco.
Restou, então, apenas a segunda hipótese: colisão com um contêiner caído ao mar, mas não totalmente afundado – esta, sim, uma hipótese bem mais provável.
Apesar da impossibilidade eterna de comprovar a veracidade deste fato, Martin adotou a colisão com um contêiner como sendo a única explicação possível para o seu infortúnio.
E aceitou, resignado, a perda do barco.
Martin, no entanto, comemorou muito – como, aliás, já havia feito com a esposa, ao telefone – o fato de ter sobrevivido ao naufrágio, embora agora estivesse praticamente no meio do Atlântico, muito longe de qualquer naco de terra firme.
E dentro de uma frágil balsa inflável.
Mas – de novo – ele não se desesperou.
Ativou o seu localizador pessoal, pegou o telefone via satélite e ligou para a esposa, na Alemanha, pedindo que ela acionasse o serviço de resgaste do seu país – que, por sua vez, contatou a Marinha do Brasil.
Como o alemão estava muito distante da costa brasileira, a solução foi acionar os navios que porventura estivessem na região, a fim de efetuar o resgate do velejador.
Mas não havia nenhum navio por perto.
Só no dia seguinte, o cargueiro com bandeira das ilhas Antígua e Barbuda Alanis, que estava a mais de 500 milhas de distância do náufrago quando recebeu o pedido de ajuda da Marinha Brasileira, chegou ao local e resgatou o velejador – que, apesar de bem preparado para aquela situação, subiu a bordo dando graças a Deus pela sua salvação, e garantindo que, mesmo sabendo que seria resgatado, passara a pior noite de sua vida, sacudindo o tempo todo na balsa, molhado e com muito frio.
No navio, Martin foi recebido com uma calorosa recepção, mas informado de que, de acordo com os protocolos marítimos, teria que seguir viagem com o cargueiro, até o seu porto final, na África do Sul – coincidentemente, o mesmo destino para o qual ele seguia com seu veleiro, quando bateu no quer que tenha sido, no meio do oceano.
Três semanas depois, o velejador alemão desembarcou – são e salvo, mas um tanto amargurado -, no porto sul-africano de Saldanha, onde sua aliviada esposa já o aguardava.
Ele, afinal, chegara à África do Sul pelo mar.
Mas não com a embarcação que desejava ter completado aquela longa travessia.
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“Sensacional! Difícil parar de ler”.
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“Leitura rápida, que prende o leitor”.
Manoel Júnior, leitor
“Um achado! Devorei numa só tacada”.
Rondon de Castro, leitor
“Leiam. É muito bom!”
André Cavallari, leitor
por Jorge de Souza | fev 21, 2024
Na década de 1990, sérios problemas políticos e econômicos levaram milhares de cubanos a tentar fugir para os Estados Unidos pelo mar, atravessando os 170 quilômetros de água que separam a ilha de Cuba do território americano a bordo de embarcações pra lá de improvisadas.
O auge desta fuga em massa e desesperada aconteceu em 1994, quando, todos os dias, centenas de cubanos se aboletavam sobre qualquer coisa que flutuasse, na esperança de chegar a uma praia americana e começar nova vida, já que, pela lei americana, os imigrantes ilegais cubanos só podem ser presos e extraditados se apanhados ainda no mar.
Se conseguissem colocar um pé em solo americano, automaticamente ganhavam direito a permanência no país, o que estimulou ainda mais cubanos a tentar aquela travessia.
Foi a Crise dos Balseros, como foram apelidados os que tentavam tal tipo de fuga.
Na época, houve até a tentativa de sequestro de um ferry boat que fazia a travessia de um braço de mar em Havana, com o objetivo de desviá-lo para Miami, o que, obviamente, não deu certo.
A balsa era infinitamente mais lenta do que as lanchas da polícia cubana e foi detida antes mesmo de sair dos limites da baía.
Além disso, ela sequer teria combustível para fazer aquela travessia.
Em 2004, as tentativas de imigração de cubanos pelo mar continuavam intensas e geravam episódios dramáticos quase que diários nas praias da Florida.
Em um deles, um grupo de banhistas de Fort Lauderdale não pensou duas vezes na hora de entrar no mar e ajudar dois homens e uma mulher a chegar à praia, antes que a polícia os interceptassem na água, numa cena típica de filme de aventura.
Os três cubanos estavam há dez dias no mar, se equilibrando sobre quatro câmeras de pneus de trator amarradas em forma de balsa, e tão exaustos que não conseguiam nadar até a praia.
Foram ajudados pelos banhistas e, assim sendo, cumpriram a formalidade legal de tocar o solo americano antes de serem apanhados.
No mesmo ano, outro fato bizarro envolvendo balseros cubanos correu o mundo.
Marciel Lopez e Luis Rodrigues foram detidos pela guarda-costeira americana a quilômetros da costa da Florida, tentando alcançar a América com um pré-histórico automóvel Buick, de 1959, que eles, engenhosamente, haviam transformado em um veículo anfíbio.
Na mesma ocasião, outro grupo fez o mesmo com um Mercury ainda mais velho.
Todos, porém, tinham experiência no assunto.
Meses antes, juntos, eles haviam participado de uma tentativa ainda mais absurda: fazer a mesma travessia com um caminhão Chevrolet 1951, caseiramente adaptado para “rodar” na água e com mais de 50 cubanos na carroceria.
Os “Camionautas”, como ficaram conhecidos, foram detidos pelos agentes americanos e mandados de volta para a ilha, onde, no entanto, apenas aperfeiçoaram o engenho e os transplantaram para aqueles dois velhos automóveis.
Que também foram interceptados.
Mesmo assim, eles não desistiram.
Metade do grupo, por fim, chegou aos Estados Unidos por meio de uma travessia “convencional”.
Ou seja, a bordo de uma improvisada balsa feita com câmaras de ar de pneus de caminhão e presas com pedaços de madeira arrancados dos bancos das praças de Havana.
Mais originais ainda foram os nove cubanos, que, em setembro de 2014, desembarcaram na elegante costa de Key Biscaine, em Miami, dentro de uma prosaica lata de lixo, dessas usadas para recolher entulhos nas ruas.
Ela fora adaptada para receber o motor de um velho caminhão e ganhou câmaras de ar de pneus em volta, para não afundar.
Nela, o grupo passou dez dias no mar, mas conseguiu chegar.
Para conquistar o sonho americano, a necessidade virou a mãe da criatividade dos cubanos.
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por Jorge de Souza | fev 8, 2024
Na Segunda Guerra Mundial, um certo gato preto e branco, que vivia a bordo de navios de combate, fez história – tanto pela sorte que teve, quanto por ter atuado nos dois lados do conflito: o alemão e dos Aliados
A saga do bichano começou em maio de 1941, quando foi levado, por um marinheiro alemão, para o encouraçado alemão Bismarck, que, no entanto, afundaria em seguida.
Dos 2 221 homens que havia bordo, só 115 sobreviveram – além do gato, que, mais tarde, foi encontrado aboletado sobre destroços do navio, por outro marinheiro.
Só que este, inglês.
Batizado de Oskar, o gato, então, foi levado pelo marinheiro que o resgatara para o destroier inglês HMS Cossack, onde viveu por quatro meses.
Até que o seu novo lar foi torpedeado pelos alemães, na região de Gilbraltar, em outubro daquele ano.
E ele, novamente, sobreviveu ao naufrágio.
Resgatado uma vez mais no mar – e rebatizado Sam -, o animal passou um tempo vivendo em uma fortaleza inglesa da região, até que voltou a morar a bordo de outro navio: o porta-aviões inglês Ark Royal – ironicamente um dos que havia feito o Bismarck afundar.
E – adivinhe só – o Ark Royal também foi torpedeado, pelo alemães, um mês depois.
E o gato, uma vez mais, escapou com vida e voltou a ser resgatado.
Pela terceira vez.
E não parou por aí.
Ainda na guerra, ele viveu a bordo de dois outros navios ingleses, o Legion e o Lightning, ambos também afundados em combate.
Mas, quando isso aconteceu, Sam já havia sido despachado para a Inglaterra, por conta da fama que passou a ter entre os marinheiros mais supersticiosos, de trazer mau agouro aos navios.
Lá, foi adotado por um marinheiro irlandês, que o levou para casa, após a Guerra, onde aquele sortudo gato malhado viveu por mais incríveis 14 anos.
Oskar/Sam ganhou fama de trazer azar aos navios. Mas teve a sorte de sobreviver a todos eles.
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por Jorge de Souza | fev 6, 2024
paradeiro final da escuna R. Kanters, que desaparecera durante outra tempestade na região, mais de um século antes.
A tormenta remexeu o fundo de areia na beira do lago, na altura da pequena cidade de Holland, e fez aflorar parte do grande casco de madeira do barco, que naufragara em 7 de setembro de 1903.
No dia seguinte, ao caminhar pela margem do lago, um morador da cidade viu alguns escombros brotando na areia e teve a feliz ideia de entrar em contado com a associação de pesquisadores de naufrágios da região – que imediatamente entrou em ação, porque aparições desse tipo, embora não raras nas águas costumeiramente agitadas Lago Michigan, costumam ficar visíveis por pouquíssimo tempo, por que logo eram encobertas pela areia.
Mas havia um problema: era o auge do confinamento gerado pela pandemia do coronavírus, e os técnicos da entidade estavam impedidos de ir ao local para investigar e atestar a identidade do barco.
Alguma coisa, porém, tinha que ser feita.
Não dava para perder a oportunidade de averiguar in loco os restos de um velho naufrágio, sem sequer por os pés na água, já que eles estavam visíveis na própria areia da praia.
Como nenhum especialista podia ir até lá, a única saída foi transformar aquele simples morador da cidade em um quase arqueólogo, instruindo-o, através de mensagens pelo celular, sobre como registrar, medir e coletar informações que pudessem permitir a identificação remota do naufrágio, mais tarde, pelos técnicos da entidade.
E isso tinha que ser feito rapidamente, antes que as areias cobrissem tudo novamente.
O homem, então, muniu-se de pás, câmeras e fitas métricas, e começou a vasculhar, sozinho, os escombros do barco, sob a orientação remota dos especialistas, que iam lhe passando instruções e pedindo coleta de imagens e medidas específicas, a fim de compará-las com antigos registros de naufrágios na região.
Uma complexa pesquisa científica feita por um leigo no assunto, e, ainda por cima, correndo contra o tempo, antes que lago engolisse de novo o barco.
Tinha tudo para dar errado.
Mas não deu.
Com base no que aquele solitário e prestativo morador registrou, mediu e apurou, os técnicos da associação de pesquisadores de naufrágios, mesmo à distância, concluíram que se tratava do que restara da escuna R. Kanters, assim batizada em homenagem ao seu proprietário, Rokus Kanters, um ex-prefeito da própria cidade de Holland.
E a história do barco pode, finalmente, ser completada.
Mas nada dele pode ser coletado para o museu da instituição.
No dia seguinte, apenas três após ter emergido do fundo do lago, feito uma aparição macabra, os restos da escuna voltaram a desaparecer sob as águas, e retornaram ao mesmo esconderijo submerso onde haviam permanecido por mais de um século.
Mas, agora, pelo menos, após pôr o ponto final da história da R. Kanters.
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por Jorge de Souza | jan 29, 2024
O inglês John Fairfax sempre teve a aventura no sangue.
Quando jovem, entre outras estripulias, viveu sozinho na selva, feito Tarzan, tentou vir de bicicleta dos Estados Unidos para a América do Sul, contrabandeou armas e cigarros nas ilhas do Caribe e, para fugir da Polícia, fugiu de cavalo até a Argentina, onde sua mãe vivia.
Por isso, quando, em 1969, ele decidiu que se tornaria o primeiro homem a atravessar o Atlântico Norte sozinho com um barco a remo (o brasileiro Amyr Klink faria o mesmo no Atlântico Sul, 15 anos depois), ninguém na sua família estranhou.
Além do indomável gosto pela aventura, outra característica marcante de Fairfax era a meticulosidade – ele gostava de planejá-las nos mínimos detalhes.
Assim sendo, para aquela inédita travessia do Atlântico em solitário (os noruegueses Frank Samuelson e George Harbo já haviam feito isso antes, em 1896, mas em dupla no barco), Fairfax começou encomendando um casco ao melhor projetista da época – que lhe entregou um barco com algumas soluções até então inéditas.
Como um assento deslizante, que facilitava as remadas, um gerador portátil, para poder se comunicar, via rádio, e um compartimento estanque para os suprimentos, de forma que, mesmo se o barco virasse, eles continuassem secos – recursos que, anos mais tarde, Amyr Klink também aplicaria no projeto do barco que construiu para se tornar o primeiro homem a cruzar o Atlântico Sul a remo.
Fairfax também tratou de ocupar cada centímetro a bordo com itens de sobrevivência, imaginando que a travessia poderia durar bem mais do que previa.
E levou mesmo.
Foram seis meses, ou longos 180 dias, remando, das Ilhas Canárias aos Estados Unidos.
E só não demorou mais porque Fairfax, espertamente, havia pesquisado a fundo as correntes marítimas da região e passou o tempo todo perseguindo-as, economizando assim sua energia.
Três anos depois, em 1972, ele aplicaria este mesmo recurso para se tornar, também, o primeiro homem a atravessar o Oceano Pacífico a remo, só que, agora, na companhia de outra pessoa: a também inglesa Sylvia Cook, que aderira a viagem depois de responder a um prosaico anúncio de jornal convocando remadores para a travessia do maior oceano do mundo, colocado por Fairfax.
Na ocasião, ele foi vítima até do ataque de um tubarão, quando tentava fisgar um peixe com uma lança, a fim de aplacar a fome dele e da companheira, e enfrentou um violento ciclone no meio da travessia, de quase 13 000 quilômetros, de São Francisco até a Austrália.
Mesmo assim, ao cabo de 361 dias no mar, também conseguiu chegar do outro lado do oceano, tornando-se, também, o primeiro homem a vencer a remo tanto o Atlântico quanto o Pacífico.
Um feito e tanto.
Mas, apesar disso, a façanha pioneira de Fairfax no Atlântico passou praticamente despercebida, porque ele teve o azar de chegar a costa americana no dia do célebre desembarque do primeiro astronauta na Lua.
E, viagem por viagem, aquela era bem mais relevante.
Como reconhecimento, mais tarde, o aventureiro inglês recebeu uma mensagem dos próprios astronautas da Apolo 11, congratulando-o pelo seu feito.
Fairfax morreu em 2012, aos 74 anos, de ataque cardíaco, em Las Vegas, onde morava e jogava todos os dias.
Quando a idade avançada limitou suas estripulias, Fairfax encontrou sua dose diária de adrenalina nas mesas dos cassinos.
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André Cavallari, leitor
por Jorge de Souza | nov 29, 2023
Aconteceu em abril de 2003, durante um desses cruzeiros pelo Caribe, repletos de bebidas e folias.
Tim Sears, um americano de 31 anos, embarcou com um amigo para uma semana de diversões, a caminho da Ilha de Cozumel, no México, quando, na noite do quinto dia de viagem, caiu no mar de uma maneira que, até hoje, nem ele sabe explicar.
Inexplicável também foi a sorte que ele teve de sobreviver a um tipo de acidente que costuma ser fatal em quase 100% dos casos, especialmente quando ninguém a bordo percebe a queda, como foi o caso.
Tudo o que Sears recorda é que ele havia passado o dia bebendo muito, e que, à noite, depois de dançar um pouco (e beber ainda mais), resolveu procurar o amigo, no cassino.
Daí para a frente, mais nada.
Quando deu por si, Sears já estava dentro d´água, só de cueca e camiseta, na escuridão do mar.
E sem o navio por perto.
O mais provável é que Sears tenha sido vítima de um apagão, causado pelo excesso de álcool, e caído da varanda de sua cabine, o que, por si só representava um quase milagre, porque o navio Celebration, no qual ele estava, tinha a altura equivalente a um prédio de dez andares.
Porém, mais incrível do que a queda sem sequelas foi Sears escapar com vida daquele infortúnio, porque ninguém no navio sentiu falta dele até o dia seguinte, quando o Celebration ancorou na ilha mexicana.
Quando recobrou os sentidos, após a queda, Sears percebeu que estava no meio do mar.
E bem distante da costa mais próxima.
Mesmo assim, ele saiu nadando, sem rumo, o que fez praticamente a noite inteira.
Quando o dia amanheceu, Sears continuou nadando.
Até que, por volta do meio-dia, viu um navio vindo, mais ou menos, na sua direção e juntou forças para nadar ainda mais rápido.
Minutos depois, ao se aproximar do navio em movimento, tentou o impossível: gritar para que alguém lá dentro o ouvisse.
E não é que alguém ouviu os seus gritos?
Um dos tripulantes do cargueiro Eny estava passando pelo convés justamente naquele instante, quando ouviu os berros e localizou o americano na água.
Sears foi resgatado, após passar 14 horas no mar.
E praticamente no mesmo instante em que, ao chegar ao porto mexicano, sua falta, finalmente, foi dada no navio do qual despencara.
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