Teria este galã de Hollywood morrido no mar ou forjado uma farsa?

Teria este galã de Hollywood morrido no mar ou forjado uma farsa?

Era uma vez um cameraman bonitão de Hollywood, que virou celebridade ao se tornar namorado de uma das principais atrizes da época, que um dia saiu para pescar e supostamente desapareceu no mar, embora o seu corpo jamais tenha sido encontrado, e, desde então, testemunhas garantam que ele está vivo, vivendo com outro nome, em outro país…

O que teria tudo para ser um bom enredo de filme da mesma Hollywood onde ele trabalhava, não passa de um resumo da vida real do cinegrafista americano, nascido na Coréia do Sul, Patrick McDermott, que ficou muito mais conhecido como ex-namorado da atriz Olivia Newton-John.

Desde que desapareceu de dentro de um barco em circunstâncias jamais comprovadas – embora tudo indica que tenha sido uma simples queda na água – McDermott se tornou suspeito de um lance tão cinematográfico quanto os filmes que ajudou a criar: o de ter forjado a própria morte, a fim de escapar de dívidas, o que, no entanto, também jamais foi provado.

Nem tampouco a sua verdadeira morte.

A intrincada história do desaparecimento de Patrick McDermott começou na manhã de 29 de junho de 2005, quando ele, já então separado tanto de sua primeira mulher, com quem teve um filho, quanto da namorada estrela de cinema Olivia Newton-John, embarcou na traineira Freedom, nos arredores de Los Angeles, para um programa de dois dias de pescaria em alto mar.

A bordo, além de três tripulantes do barco, que fazia saídas regulares para pescarias em alto-mar e apenas vendia lugares para quem quisesse embarcar, havia outros 22 pescadores, que não se conheciam.

A pescaria, nas imediações da ilha San Clemente, a cerca de 90 quilômetros da costa da Califórnia, transcorreu sem nenhum incidente.

E, no dia seguinte, como programado, o barco iniciou o caminho de volta à marina, onde chegou algumas horas depois – mas sem Patrick McDermott, que desapareceu em algum ponto perto dali, já que, uma hora antes, ele procurara a tripulação para quitar sua despesa de consumo durante a viagem.

Começava ali um mistério, que, após tantas especulações e uma enxurrada de fantasiosas teorias da conspiração, acabaria virando uma das mais populares lendas urbanas de Hollywood: o que teria acontecido com o badalado cinegrafista no final daquela travessia?

As peculiaridades do caso começaram na própria chegada do barco à marina, quando ninguém notou a ausência de McDermott a bordo.

Todos desembarcaram e foram embora, inclusive a tripulação, sem se dar conta que faltava um passageiro.

O sumiço do cinegrafista só foi percebido dez dias depois, quando sua primeira esposa, a também atriz Yvette Nipar, estranhou a ausência dele nas visitas semanais que fazia ao filho, e o fato de McDermott não atender o celular.

Intrigada, ela passou a investigar e chegou até o barco no qual ele embarcara para pescar.

Acionada, a tripulação confirmou que vira McDermott a bordo pouco antes de desembarcar, mas não após ele pagar a conta no bar.

Em seguida, ao vistoriar o armário da cabine que o cinegrafista ocupara, foram encontrados todos os seus pertences – e, no estacionamento da marina, também o seu carro.

Só então, dez dias depois, começaram as buscas no mar – que, como já era esperado, por conta da demora, não deram em nada.

Nenhum vestígio de Patrick McDermott jamais foi encontrado.

Teria sido apenas mais um caso de queda involuntária no mar, seguida de afogamento e deslocamento do corpo pelas correntes marítimas, até a completa decomposição do cadáver, não fosse alguns detalhes que vieram à tona depois.

Um deles mostrava que McDermott vinha enfrentando sérias dificuldades financeiras, que devia dinheiro a muitas pessoas, inclusive à própria ex-namorada Olivia Newton-John, e que estava com dificuldades até para pagar a pensão alimentícia do filho.

Outro, que, embora praticamente falido, ele havia feito um bom seguro de vida em nome do filho, então com 13 anos de idade, poucos dias antes de embarcar naquela pescaria – se McDermott morresse, o menino receberia o dinheiro, o que garantiria o seu sustento.

Estes dois detalhes, mais o fato de que as buscas no mar foram infrutíferas e o corpo de McDermott nunca foi encontrado (o que levou a Guarda Costeira a inicialmente classificar o cinegrafista como “desaparecido”, e não “morto”, já que não havia o cadáver), fizeram muita gente conjecturar que o desaparecimento dele poderia não ter sido fruto de um acidente e sim um ato premeditado – uma falcatrua para simular sua morte e assim escapar das dívidas.

Logo, o sumiço do festejado ex-namorado da atriz ganhou uma enxurrada de hipóteses, sendo a eventual fuga para o México, país vizinho à Califórnia e destino preferido de dez em cada dez infratores americanos, a mais pláusível.

De acordo com as especulações, McDermott teria se atirado ao mar, sem que ninguém visse, quando o barco já estava bem perto da marina e nadara até a praia, de onde teria fugido para o México.

Mas foi quando detetives particulares, em busca de notoriedade, resolveram investigar o caso por conta própria, que as teorias da conspiração se multiplicaram.

Eles começaram monitorando os acessos vindos do México a um site na Internet especialmente criado para tratar do sumiço do cinegrafista, por deduzir que o próprio McDermott seria o maior interessado em saber o que estava sendo feito para tentar localizá-lo.

Depois, com base nos locais de onde vieram o maior número de acessos, passaram a visitá-los, em busca de pistas sobre o suposto fugitivo.

Foi quando as suspeitas de fraude explodiram de vez.

Porque algumas testemunhas garantiram ter visto McDermott vivo.

Da noite para o dia, surgiram diversos “Patrick McDermott” em diferentes partes do México – e nenhum, aparentemente, correspondia ao verdadeiro.

Usando o seu nome de batismo, Patrick Kim, já que nascera na Coréia do Sul, filho de pai americano e mãe sulcoreana, o cinegrafista teria sido “visto” tanto vivendo sozinho em um barco na costa mexicana, quanto na companhia de uma mulher alemã, em uma praia de Puerto Vallarta.

Em certa ocasião, um dos pressupostos “McDermott” teria sido até abordado, mas pedira “que o deixassem em paz” – algo que, muito provavelmente, jamais aconteceu.

Diversos outros sósias também foram erroneamente identificados como sendo o ex-namorado da atriz australiana, o que, durante anos, gerou uma espécie de caça a todos os homens que lembrassem vagamente o cinegrafista, nas praias mexicanas.

Em 2009, um documentário de TV, feito para a série sensacionalista Os Mais Procurados da América, mostrou que havia mais de 20 registros de “aparições” de McDermott no México, e em outros países da América Central – nenhuma delas jamais comprovada.

O frenesi não diminuiu nem quando, três anos após o sumiço do cinegrafista, a polícia americana e a Guarda Costeira concluiram o inquérito, apontando a mais óbvia das conclusões: a de que McDermott teria morrido afogado, após ter caído do barco em movimento, sem que ninguém tivesse visto – e sua ausência na volta a marina não fora sentida porque ele estava desacompanhado.

Embora a tese de morte por afogamento seguida do desaparecimento do corpo por obra das correntes marítimas tenha sido defendida tanto pela Polícia quanto pelas duas atrizes que viveram com ele (embora Olivia Newton-John tenha passado anos sem tocar no assunto), o misterioso desaparecimento do cinegrafista continua alimentando rumores até hoje.

Patrick McDermott pode ter realmente morrido, como todas as evidências sempre indicaram.

Mas a lenda sobre o seu desaparecimento viva.

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Como dois capitães geraram uma tragédia

Como dois capitães geraram uma tragédia

Até a criação do Canal do Panamá, em 1914, os barcos americanos que quisessem ir de uma costa a outra do seu próprio país tinham que contornar toda a América do Sul, até o extremo sul do continente, numa travessia tão longa quanto perigosa.

Esta situação só começou a mudar em 1855, quando uma ferrovia foi construída no istmo panamenho, ligando, por meio de trilhos, o Atlântico ao Pacífico.

Com isso, as viagens pelo mar entre as costas Leste e Oeste dos Estados Unidos passaram a ser feitas em duas etapas, uma em cada oceano, em diferentes barcos, com uma baldeação ferroviária entre eles.

Vários navios, quase todos a vapor, se dedicaram a esta dupla jornada.

Um deles foi o SS Pacific.

Embora já tivesse afundado no passado, fruto de um pequeno acidente, e logo recuperado, o SS Pacific era considerado um dos melhores barcos do gênero, e operava no lado do Pacífico, fazendo, a princípio, a rota convencional entre a cidade de São Francisco, na Califórnia, e o Panamá.

Mas quando os gritos de “ouro!” passaram a ecoar nas geladas terras do norte do Canadá e Alasca, o SS Pacific tomou outro rumo e passou a levar garimpeiros bem mais acima no mapa – para, depois, trazê-los de volta, repletos de pepitas de ouro na bagagem.

E foi numa dessas viagens de volta que aconteceu a tragédia.

Na noite de 4 novembro de 1875, quando navegava em um trecho particularmente perigoso da costa do estado de Washington, durante mais uma viagem entre ilha Victoria, no Canadá, e São Francisco, na Califórnia, a imprudência do comandante do SS Pacific, que avançava sem luzes de direção (uma verde, outra vermelha, em lados diferentes do casco, como forma de indicar às outras embarcações o sentido da sua navegação), e com parte dos botes salva-vidas cheios de água, a fim de melhorar a estabilidade do casco (o que impediu que eles fossem usados para evacuar os passageiros no instante do naufrágio), e a indiferença do capitão da outra embarcação, o veleiro Orpheus, que não desviou, causou a colisão das duas embarcações.

Mas o choque foi tão leve que, aparentemente, nenhum dos dois barcos sofrera maiores danos.

Com isso, o comandante do Orpheus nem parou para averiguar e seguiu viagem, na escuridão da noite.

O SS Pacific também fez o mesmo, depois do seu comandante inspecionar superficialmente o casco de madeira e concluir que estava tudo bem.

Mas não estava.

O alerta de que algo bem mais sério havia ocorrido com o SS Pacific só veio quando um dos passageiros detectou água entrando na sua cabine, que ficava abaixo da linha d´água do casco.

E já era tarde demais.

Em menos de 20 minutos, o SS Pacific inundou por completo e, com o peso da água, partiu-se em dois, ficando uma parte completamente separada da outra.

Aterrorizados, os passageiros começaram a se atirar na água gelada, enquanto os poucos botes salva-vidas que não estavam cheios de água e puderam ser baixados, logo foram virados pelos desesperados.

No final, a macabra contabilidade do SS Pacific somou apenas dois sobreviventes entre os estimados 325 ocupantes do vapor naquela noite – talvez mais, porque, naquela época, crianças não eram computadas, já que não pagavam passagem, e passageiros clandestinos era algo habitual em navios maiores.

Para analisar o naufrágio, um inquérito foi instaurado e a conclusão, a despeito das falhas gravíssimas do comandante do SS Pacific, foi a de que o responsável pela tragédia havia sido o capitão do Orpheus, que além de colidir com o vapor, abandonara o local sem oferecer ajuda.

Também foi levantada a suspeita de que ele estaria bêbado no instante do acidente e que teria se aproximado do SS Pacific deliberadamente, a fim de pedir informações sobre a região, pois tampouco sabia exatamente onde estava.

Esta teoria foi reforçada pelo fato de que, horas depois da colisão com o SS Pacific, mas ainda na mesma região, o Orpheus encalhou (e, em seguida, afundou, felizmente sem nenhuma vítima), ao confundir as luzes de um farol como sendo as de outro local.

Outra teoria pregou que o capitão do veleiro afundara o próprio barco de propósito, a fim de encobrir eventuais provas de que teria sido o causador da colisão com o SS Pacific.

Mas o comandante do Orpheus sempre negou tudo e alegou que não prestou socorro às vítimas porque não havia indícios de que aquele leve choque pudesse trazer maiores consequências aos barcos envolvidos – razão pela qual seguira em frente.

Também disse que ventava muito na hora do acidente, o que dificultaria parar totalmente o seu barco, e que, por causa do próprio vento, não havia escutado os apitos desesperados posteriormente emitidos pelo SS Pacific.

Mas de nada adiantou.

Apesar da evidente negligência do capitão do vapor, cuja tripulação também era inexperiente e mal treinada, o único condenado (até porque o outro comandante morreu no acidente) foi o responsável pelo veleiro Orpheus.

Ele terminou os seus dias mal-falado por toda a comunidade marítima americana, por ter cometido o mais imperdoável crime de um homem do mar: a omissão de socorro.

Mas, ainda assim, em situação infinitamente melhor do que a das mais de 300 vítimas fatais do SS Pacific.

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O nefasto destino do navio dos caixões

O nefasto destino do navio dos caixões

Na segunda metade do século 19, a carência de operários para trabalhar nas minas da Nova Zelândia levou o governo neozelandês a abrir as portas do país para imigrantes da China.

Muitos operários chineses aceitaram o convite e foram para lá, em busca de trabalho.

E poucos retornaram.

Muito anos depois, um grupo de chineses repatriados acabou entrando para a História por um fato inusitado: o afundamento do navio cargueiro neozelandês SS Ventnor, em 28 de outubro de 1902, quando levava de volta para a China os corpos de 499 operários que haviam morrido na Nova Zelândia.

Eles haviam sido exumados dos cemitérios, para serem novamente enterrados em sua terra natal.

A viagem havia sido encomendada por um comerciante sino-neozelandês, chamado Choie Sew Hoy, que se tornara rico, graças justamente ao trabalho dos conterrâneos imigrantes.

Em retribuição, ele decidiu pagar a exumação dos corpos dos mineiros mortos e contratar um navio para levá-los de volta à China.

E, para aquela peculiar viagem, fretou o SS Ventnor.

Só que, ironicamente, o próprio Choie Sew Hoy morreu pouco antes de o navio partir, e o seu corpo foi incluído no grupo de cadáveres, totalizando assim 500 caixões a bordo do navio – que, no entanto, não passou dos recifes de Hokianga, na ilha norte da Nova Zelândia, onde bateu e afundou.

O naufrágio do “Navio dos Caixões”, como o SS Ventnor passou a ser conhecido, chocou os neozelandeses, porque, além de matar 13 dos seus tripulantes, incluindo o comandante, fez chegar às praias da região muitas ossadas de corpos que se desprenderam dos caixões.

Sensibilizados com aquele cenário macabro, nativos maoris passaram a recolher os ossos nas praias e enterrá-los em seus cemitérios, mesmo sem saber de quem se tratava.

E assim aqueles ossos ficaram, ignorados e esquecidos, por mais de um século.

Até que, em maio de 2012, 110 anos após aquele episódio, um grupo de mergulhadores amadores, entre eles o cineasta neozelandês John Albert, encontrou os restos do SS Ventnor, cuja localização era até então desconhecida, a 150 metros de profundidade.

E, junto com a descoberta, veio a ideia: por que não filmar os escombros do navio para um documentário sobre o caso?

Era o início de uma polêmica que ainda se arrasta na Nova Zelândia.

Ao saber do achado e dos planos do cineasta, uma tataraneta daquele comerciante que fretara o navio – e cujo corpo acabou sendo também levado naquela derradeira viagem – a empresária a Jenny Sew Hoy Agnew, passou a encabeçar um movimento, com apoio de descendentes dos operários chineses, para impedir que o documentário fosse produzido.

O argumento era que os restos do SS Ventnor haviam se transformado em uma espécie de cemitério submerso, e que filmá-lo equivaleria a profanar sepulturas.

“Como você reagiria se alguém abrisse os caixões dos seus antecedentes para filmá-los?”, questionou Jenny, na ocasião.

Já o cineasta se defendeu, dizendo que nenhuma ossada seria mostrada no documentário e que o SS Ventnor fazia parte da História do país, portanto, sua saga precisava ser contada.

Na Nova Zelândia, as opiniões ficaram divididas.

A questão era: os restos mortais daquelas pessoas deveriam ser deixados em paz nas profundezas do mar ou eram parte de um fato que precisava ser trazido novamente à tona?

Até hoje, o caso não teve uma solução, embora o documentário, intitulado Fallen Leaves, ou “Folhas Caídas”, expressão que remete a tradição chinesa de retornar os mortos aos seus locais de sua origem, tenha sido feito.

Mas, até hoje, não exibido, por conta da pendenga que se arrasta na justiça.

Mesmo assim, o imbróglio envolvendo a exploração do naufrágio do navio neozelandês produziu, ao menos, um ponto positivo: com a volta do assunto aos noticiários, os descendentes dos maoris que haviam coletados aqueles ossos na praia, mais de um século antes, procuraram Jenny Sew Hoy Agnew e contaram como recolheram os ossos e onde os enterraram.

O resultado foi uma cerimônia ecumênica conjunta, realizada meses depois, entre descendentes dos operários chineses cujos corpos estavam no navio e dos maoris que os re-enteraram em seus cemitérios, a fim de homenagear todos eles.

Nunca antes chineses e maoris haviam se aproximado tanto.

E isso só aconteceu graças aos infelizes ocupantes do SS Ventnor, que, de certa forma, morreram duas vezes.

Mas não totalmente em vão.

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O jovem marinheiro que quis entrar numa fria e virou capitão

O jovem marinheiro que quis entrar numa fria e virou capitão

Em setembro de 1928, o almirante e explorador americano Richard Byrd partiu de Nova York, rumo à Antártica, levando na sua expedição um tripulante improvável e inesperado: um garoto chamado Billy Gawronski, que não estava na lista inicial dos membros da tripulação.

Nem poderia, já que tinha apenas 17 anos de idade.

O garoto admirava tanto Byrd, um explorador famoso nos Estados Unidos no início do século passado, que, quando ficou sabendo que a expedição dele ao recém-descoberto Continente Gelado partiria de Nova York, mesma cidade onde morava, não teve dúvidas: se atirou nas águas do Rio Hudson, onde a frota estava ancorada, e nadou até o barco de Byrd, na esperança de se esconder a bordo.

Mas foi descoberto e mandado de volta para casa.

Billy, no entanto, não desistiu.

Tentou de novo e, uma vez mais, foi capturado.

Só na terceira tentativa conseguiu ser recebido por Byrd e, após muita conversa o convenceu a levá-lo na viagem – o que o explorador só fez depois de pedir permissão aos pais do garoto, atraído, sobretudo, pela publicidade que isso traria ao seu projeto.

A determinação de Billy, que foi e voltou com a expedição, virou mesmo notícia nos jornais americanos, deixando Byrd ainda mais famoso

Mas o garoto colheu ainda mais frutos naquela viagem.

Na volta, com a experiência adquirida, ele se tornou marinheiro profissional e, mais tarde, chegou a comandar um navio cargueiro na Segunda Guerra Mundial.

E não parou por aí.

Anos depois, Billy retornou à Antártica, já comandando o seu próprio barco, provando que sabia muito bem o que queria quando tentou, por três vezes, embarcar, como clandestino, em um navio que seguia para o então chamado Fim do Mundo.

Que, para ele, foi o início de tudo.

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O curioso “tesouro” que veio do mar e deixou uma ilha enlouquecida

O curioso “tesouro” que veio do mar e deixou uma ilha enlouquecida

Nas primeiras horas da manhã de 5 de fevereiro de 1941, uma forte ventania, aliada a uma densa neblina, fizeram o cargueiro inglês SS Politician sair da rota entre Liverpool, na Inglaterra, e Nova Orleans, nos Estados Unidos, e atropelar as pedras da ilha Eriskay, na costa noroeste da Escócia.

E ali ele ficou, entalado.

Apesar da gravidade do acidente, não houve vítimas entre os tripulantes e todos foram resgatados pelos poucos (não mais que 400) moradores da ilha, que os levaram para suas casas.

Lá, durante a habitual receptividade que dedicavam aos eventuais náufragos, os habitantes de Eriskay tomaram conhecimento da carga que o navio transportava: banheiras, pianos, roupas de cama, componentes para motores, o equivalente a três milhões de libras esterlinas em cédulas de dinheiro da Jamaica, que haviam sido impressas na Inglaterra.

E – mais precioso que tudo, ao menos para eles… – 22 000 caixas de uísque escocês, que somavam 264 000 garrafas do mais puro scotch, este sim um autêntico tesouro, sobretudo na carência geral de suprimentos causada pela Segunda Guerra Mundial.

A descoberta gerou um frenesi generalizado na ilha.

Naquela mesma noite, enquanto os náufragos dormiam, teve início uma das mais peculiares ações comunitárias que se tem notícia na história do Reino Unido: o resgate, silencioso e sincronizado, das caixas de uísque que jaziam nos porões do SS Politician por todos os moradores da ilha – inclusive pacatas donas de casas, que não pensaram duas vezes na hora de aderir ao butim etílico coletivo.

Usando até velas para iluminar as pedras da costeira, e recolhendo o máximo possível de caixas a cada incursão aos restos do navio, os habitantes de Eriskay passaram a madrugada surrupiando garrafas e as escondendo na ilha, antes que o dia amanhecesse e os tripulantes despertassem.

Quem não conseguiu chegar ao navio, passou a noite espreitando os vizinhos, para ver onde eles escondiam as garrafas – e depois foram lá capturá-las, num típico caso de saque aos saqueadores.

Mas os moradores da ilha não pensavam dessa forma.

Tampouco consideravam o ataque aos porões do navio como sendo um saque.

Para eles, não havia nada de ilegal em “resgatar” o que havia chegado pelo mar.

Encaravam o uísque como sendo uma dádiva, que, do contrário, estaria fadada a desaparecer no fundo do mar, junto com o navio.

E ao se apoderarem das garrafas, julgavam estar fazendo apenas o “salvamento” de parte da carga, ainda que em favor apenas deles próprios.

No entanto, o chefe da agência alfandegária da região não pensava assim.

Na manhã seguinte, ao saber do saque comunitário perpetrado pelos moradores da ilha, ele acionou a polícia.

Mas não por roubo de carga, como seria de se imaginar, e sim por sonegação fiscal, já que aquele uísque estava sendo exportado e, portanto, isento de pagamento de imposto apenas se fosse consumido fora do Reino Unido – e não numa ilhota da própria Escócia.

Embora estapafúrdio, o argumento convenceu a polícia, que seguiu para ilha, embora alguns policiais estivessem tão interessados em uma daquelas garrafas quanto os próprios saqueadores.

E os saques continuaram.

Nas noites subsequentes, enquanto toda a população da ilha brincava de gato e rato com a polícia, garrafas e mais garrafas de uísque eram subtraídas do navio e escondidas nos mais diferentes pontos da ilha – dentro de grutas, chaminés, colchões ou enterradas em qualquer canto, antes que o dia amanhecesse e a polícia chegasse.

Mas o problema foi que os saqueadores começavam a beber durante o próprio saque e, bêbados, depois não se lembravam onde haviam escondido as garrafas, o que fez com que muitas se perdessem para sempre.

A farra durou semanas, durante as quais muitos moradores de Eriskay conviveram com porres homéricos.

E não terminou nem quando o chefe alfandegário, farto de ser ludibriado pelas artimanhas dos ilhéus, mandou explodir uma parte do casco do navio, para que ele afundasse de vez – o que, de fato, aconteceu.

Ainda assim, durante um bom tempo, garrafas cheias de uísque foram dar nas praias de Eriskay, e outras foram resgatadas por mergulhadores, o que persiste até hoje.

Vira e mexe, uma nova garrafa emerge dos restos do SS Politician e atinge valores espantosos em leilões na Inglaterra, apesar dos alertas de que, talvez, a bebida não possa mais ser consumida, porque uísques envelhecem em barris, não em garrafas, muito menos após oito décadas no fundo do mar.

Quando isso acontece, a garrafa recuperada ganha o nome de “Whisky Galore” (algo como “Uísque em Abundância”), mesmo título de um livro escrito por um morador da ilha sobre o caso, que, depois, foi transformado em filme e musical de sucesso no Reino Unido, e narra a bem-humorada história de como os espertos moradores de Eriskay passaram dias driblando a polícia em troca de uma boa dose de uísque.

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