O Natal de 2017 foi o melhor da vida do polonês Zbigniew Reket, então com 54 anos.
Naquele 25 de dezembro, ele foi finalmente resgatado no mar, depois de passar sete meses à deriva no Oceano Índico, na companhia apenas de um gato – que também sobreviveu àquele calvário.
O drama do polonês começou quando, ao partir das Ilhas Comores, rumo a África do Sul, de onde pretendia seguir viagem para a sua terra natal, ele viu seu precário barco se desmantelar no mar.
Primeiro, quebrou o mastro – que ele havia improvisado. Depois, soltou o leme. Por fim, pifou o motor, que Reket usava para recarregar as baterias do rádio – que, com isso, também parou de funcionar.
Havia, porém, uma explicação para tantos problemas: o barco de Reket não era propriamente um barco convencionl.
Muito menos um veleiro, embarcação bem mais adequada para longas travessias, como a que ele pretendia fazer.
O barco do polonês não passava de um velho bote salva-vidas de grandes navios, desses que são usados em operações de abandono no mar, que ele havia comprado no maior desmanche de navios do mundo, nas praias de Alang, na Índia – onde um cargueiro inteiro desaparece em questão de dias, nas mãos do formigueiro humano de trabalhadores indianos.
O plano de Reket, que não tinha dinheiro para comprar um barco de verdade (daí ter ido até lá, para ver o que conseguia arrematar), era adaptar aquele salva-vidas, que custara uma micharia, já que seria transformado em sucata, para que pudesse navegar movido pelos ventos – o que, no entanto, não deu certo, porque, logo no início da viagem, caiu o mastro.
Quando isso aconteceu, Reket não pode contar com o motor para retornar, porque ele também parou de funcionar.
E foi assim que começou o seu martírio de sete meses à deriva no Índico, ao lado apenas do seu gato de estimação.
Durante todo esse tempo, o polonês disse ter visto vários navios, mas não tinha como fazer contato – porque, sem motor para carregar as baterias, não tinha rádio.
Também avistou terra firme diversas vezes, mas, sem leme, não conseguia fazer o barco chegar até lá.
Até que, naquele dia de Natal, veio o presente que ele jamais esquecerá: o resgate, feito por um barco de passeio, que se aproximou para ver aquela estranha embarcação, quando navegava nas imediações das Ilhas Reunião.
Ao ser resgatado, Reket foi recebido com certa incredulidade, dado a façanha que ele dizia ter realizado.
Contou, também, que sobreviveu graças a água da chuva que coletava, dos peixes que, eventualmente, capturava, e da ração de meio pacote de macarrão japonês por dia, que era tudo o que restava no barco – e que ele ainda dividia com o gato.
Mas a fome do polonês (e do gato) contou a seu favor e logo o polonês passou a ser reconhecido como um náufrago de verdade. Que, em momento algum, pensou em transformar em comida o seu companheiro de infortúnio.
Gostou desta história?
Ela faz parte do livro HISTÓRIAS DO MAR – 200 CASOS VERÍDICOS DE FAÇANHAS, DRAMAS, AVENTURAS E ODISSEIAS NOS OCEANOS, que por ser comprado clicando aqui (R$ 55,00, com envio gratuito)
Foto: Reprodução Getty
Os italianos que atravessaram o Atlântico com dois carros flutuantes
Na década de 1950, o australiano Ben Carlin assombrou o mundo ao cruzar oceanos inteiros – e, por fim, dar a volta ao planeta – navegando com um simples jipe anfíbio, da Segunda Guerra Mundial. 50 anos depois, em 2000, dois jovens italianos, Marco Amoretti, então com...
ler maisSó com a cara e a coragem
Acima de tudo, o velejador argentino Vito Dumas foi um sujeito ousado. Entre 1942 e 1943, ele fez, sozinho, a primeira circum-navegação do planeta pelo paralelo 40 graus Sul, uma faixa oceânica abaixo de todos os continentes (exceto a Antártica) e dominada por...
ler maisTeria esta nau descoberto a Antártica mas desaparecido sem revelar o feito?
Em 11 de maio de 1819, uma flotilha composta por quatro naus espanholas partiu do porto de Cádiz com destino a Callao, no Peru, onde tentaria combater o movimento de independência da ex-colônia. Uma daquelas naus era a San Telmo, onde, além do líder da flotilha,...
ler maisO casal que trocou a casa por um barco e foi viver no mar
Cinco anos atrás, o gaúcho Adriano Plotzki, de 38 anos, foi passar um fim de semana com a mulher, a paulista Aline Sena, na Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, quando viu uma cena que mudaria sua vida para sempre. Ao nadar entre os barcos ancorados numa das...
ler maisO incrível casal que o mar não conseguiu levar
Maralyn e Maurice Bailey eram um típico casal do interior da Inglaterra, mas com um sonho não tão comum assim: construir um veleiro e sair navegando pelo mundo. Em especial, queriam ir velejando até a distante Nova Zelândia. Em 1967, depois de vender a casa onde...
ler maisA grande volta ao mundo com o menor dos barcos
Quando decidiu construir um barquinho (um “barquinho” de fato, de apenas 11 pés e 10 polegadas ou míseros 3,6 metros de comprimento), o francês radicado na Austrália e que já havia vivido no Brasil na infância, Serge Testa não tinha se¬quer um projeto no papel. Só a...
ler mais
0 comentários