O in­glês John Fair­fax sempre teve a aven­tu­ra no san­gue.

Quando jovem, entre outras estripulias, viveu sozinho na selva, feito Tarzan, tentou vir de bicicleta dos Estados Unidos para a América do Sul, contrabandeou armas e cigarros nas ilhas do Caribe e, para fugir da Polícia, fugiu de cavalo até a Argentina, onde sua mãe vivia.

Por isso, quando, em 1969, ele de­ci­diu que se tornaria o pri­mei­ro ho­mem a atra­ves­sar o Atlân­ti­co Nor­te so­zi­nho com um barco a re­mo (o brasileiro Amyr Klink faria o mesmo no Atlântico Sul, 15 anos depois), ninguém na sua família estranhou.

Além do indomável gosto pela aventura, outra característica marcante de Fair­fax era a meticulosidade – ele gostava de planejá-las nos mínimos detalhes.

Assim sendo, para aquela inédita travessia do Atlântico em solitário (os noruegueses Frank Samuelson e George Harbo já haviam feito isso antes, em 1896, mas em dupla no barco), Fair­fax co­me­çou en­co­men­dando um casco ao me­lhor projetista da épo­ca – que lhe entregou um barco com al­gu­mas so­lu­çõ­es até então inéditas.

Co­mo um as­sen­to des­li­zan­te, que fa­ci­li­ta­va as re­ma­das, um ge­ra­dor por­tá­til, pa­ra poder se comunicar, via rá­di­o­, e um com­par­ti­men­to es­tan­que pa­­ra os su­pri­men­tos, de for­ma que, mes­mo se o bar­co vi­ras­se, eles continuassem se­cos – recursos que, anos mais tarde, Amyr Klink também aplicaria no projeto do barco que construiu para se tornar o primeiro homem a cruzar o Atlântico Sul a remo.

Fair­fax também tra­tou de ocupar cada centímetro a bordo com itens de sobrevivência, ima­gi­nan­do que a travessia po­de­ria durar bem mais do que pre­via.

E le­vou mes­mo.

Fo­ram seis meses, ou lon­gos 180 di­as, re­man­do, das Ilhas Canárias aos Es­ta­dos Uni­dos.

E só não de­mo­rou mais por­que Fair­fax, es­per­ta­men­te, havia pesquisado a fundo as correntes marítimas da região e passou o tempo todo perseguindo-as, economizando assim sua energia.

Três anos depois, em 1972, ele aplicaria este mesmo recurso para se tornar, também, o primeiro homem a atravessar o Oceano Pacífico a remo, só que, agora, na companhia de outra pessoa: a também inglesa Sylvia Cook, que aderira a viagem depois de responder a um prosaico anúncio de jornal convocando remadores para a travessia do maior oceano do mundo, colocado por Fairfax.

Na ocasião, ele foi vítima até do ataque de um tubarão, quando tentava fisgar um peixe com uma lança, a fim de aplacar a fome dele e da companheira, e enfrentou um violento ciclone no meio da travessia, de quase 13 000 quilômetros, de São Francisco até a Austrália.

Mesmo assim, ao cabo de 361 dias no mar, também conseguiu chegar do outro lado do oceano, tornando-se, também, o primeiro homem a vencer a remo tanto o Atlântico quanto o Pacífico.

Um feito e tanto.

Mas, apesar disso, a façanha pioneira de Fairfax no Atlântico pas­sou pra­ti­ca­men­te de­sper­ce­bi­da, por­que ele te­ve o azar de che­gar a costa americana no dia do cé­le­bre de­sem­bar­que do pri­mei­ro as­tro­nau­ta na Lua.

E, vi­a­gem por vi­a­gem, aque­la era bem mais relevante.

Como reconhecimento, mais tarde, o aventureiro inglês recebeu uma mensagem dos próprios astronautas da Apolo 11, congratulando-o pelo seu feito.

Fairfax morreu em 2012, aos 74 anos, de ataque cardíaco, em Las Vegas, onde morava e jogava todos os dias.

Quando a idade avançada limitou suas estripulias, Fairfax encontrou sua dose diária de adrenalina nas mesas dos cassinos.

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