Na época das grandes navegações, não havia caravela que partisse de Portugal que não levasse, nos porões, muitas barricas de vinho, para o consumo das tripulações. Elas, contudo, também tinham outra finalidade: servir de lastro para melhorar a precária estabilidade das naus.
Durante as longas travessias, na medida em que o vinho era consumido, as barricas vazias eram preenchidas com água do mar, a fim de manter o lastro necessário para que as caravelas não sofressem tanto nos mares mais agitados.
Mas, às vezes, algumas barricas retornavam ainda cheias das viagens. Quando isso acontecia, revelavam um vinho de sabor bem mais agradável, fruto do tempo que passaram estocadas nos abafados porões dos navios.
A descoberta – acidental, como toda descoberta – mudaria a história do vinho português para sempre. Em particular, do vinho até então quase ordinário que era produzido numa certa ilha portuguesa: a Ilha da Madeira.
Não demorou muito para que os produtores de vinho daquela ilha atlântica, tradicional ponto de parada e abastecimento das naus portuguesas que partiam ou regressavam do oriente, a mais de 600 quilômetros da costa africana, percebessem que o calor dos trópicos, aliado às variações de temperatura, o longo confinamento nas barricas e o chacoalhar constante das naus, eram capazes de operar maravilhas no banal vinho da ilha.
Eles, então, passaram a aumentar a quantidade de barricas a bordo das naus, para que sobrasse mais vinho na volta. Em seguida, passaram a enviar carregamentos fechados de barricas apenas para “amadurecer” o vinho a bordo.
Nascia assim o “Vinho de Roda” (porque “rodava” o mundo), “Vinho de Volta” ou “Torna Viagem”, vendido a preços cada vez mais altos em Portugal, e que acabaria trazendo fama mundial ao vinho da Ilha Madeira – até hoje.
As viagens marítimas aceleravam sobremaneira o processo de envelhecimento do vinho e, graças ao calor intenso dos porões dos navios, davam certo toque de “cozimento” e oxidação ao suco extraído das uvas. Mas custavam um bocado aos comerciantes da ilha, porque eles passaram a ter que ajudar a financiar as viagens.
Foi quando eles começaram a buscar métodos alternativos que trouxessem os mesmos benefícios dos navios ao vinho da Madeira, já então famoso em toda a Europa.
A saída foi reproduzir, em terra firme, as mesmas condições das travessias, sem, obviamente, o balanço do mar.
A princípio, os tonéis foram apenas deixados sob o sol. Não deu certo. Em seguida, dentro de armazéns aquecidos por fogueiras. O resultado também não foi o mesmo. Mas apontou o caminho a seguir: as estufas.
Hoje, o legítimo e renomado vinho da ilha da Madeira passa quatro meses sendo aquecido em estufas, a temperaturas de 45 graus centígrados, e, depois, cerca de dois anos descansando, antes de ser posto à venda – quase o mesmo tempo que passava nos porões das caravelas, servindo como simples lastro para que elas não balançassem tanto.
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