Em maio de 1915, a Inglaterra estava em apuros com os alemães e precisava convencer os Estados Unidos a ajudá-la na Primeira Guerra Mundial.
Surgiu, então, o que poderia ser uma oportunidade: um navio inglês de alto luxo, o Lusitânia, estava partindo de Nova York abarrotado de passageiros ingleses e americanos.
Cheios também estavam os seus porões – só que com uma carga altamente explosiva: munições que a Inglaterra contrabandeava dos Estados Unidos.
Um mês antes, os jornais americanos haviam publicado um aviso da embaixada da Alemanha de que, a partir daquela data, todos os navios ingleses e de seus aliados estariam sujeitos a serem atacados.
Mesmo assim, dias depois, o Lusitânia, então o maior transatlântico da empresa inglesa Cunard, partiu de Nova York com destino a Liverpool, levando quase 2 000 pessoas e aquela perigosa carga.
A travessia do Atlântico Norte transcorreu sem nenhum contratempo.
Mas, na manhã de 7 de maio, ao chegar à zona mais crítica da viagem, junto à costa da Irlanda, onde sabidamente abundavam os submarinos alemães, o comandante do Lusitânia recebeu estranhas ordens do Almirantado Britânico, então chefiado por Winston Churchill.
As ordens mandavam o navio se aproximar bastante da costa, o que limitava sua capacidade de manobra, e interromper a navegação em ziguezagues, como recomendavam as precauções em tempos de guerra.
Além disso, o cruzador Juno, que seria enviado para proteger o transatlântico, não apareceu no local determinado.
O resultado foi uma terrível tragédia, para muitos covardemente premeditada pelos próprios ingleses.
Para se proteger de um possível ataque alemão, o comandante do Lusitânia contou apenas com o espesso nevoeiro daquela manhã na costa irlandesa, que, no entanto, também o impediu de navegar mais rápido.
Assim sendo, navegando a baixa velocidade, em linha reta e sem as habituais manobras de defesa, que confundiam os radares inimigos, o Lusitânia virou alvo fácil para o submarino alemão U 20, que navegava submerso, em busca de uma alguma presa.
E o que ele encontrou foi um verdadeiro prêmio: um grande transatlântico, navegando sem nenhuma escolta.
O torpedo atingiu o meio do casco do Lusitânia com precisão germânica, e o seu rastro de morte na água, vindo na direção do navio, foi testemunhado por alguns passageiros que estavam no convés.
E imediatamente após o impacto, ocorreu uma segunda explosão, ainda mais forte: possivelmente a da munição que o próprio navio transportava, embora isso jamais tenha sido comprovado
Outras suspeitas recaíram sobre as caldeiras do Lusitânia, que poderiam ter explodido com o choque do torpedo.
Certo é que a segunda explosão pôs o grande transatlântico a pique em pouquíssimo tempo.
Em apenas 18 minutos ele afundou por completo.
Tão rápido que não deu tempo nem de baixar todos os botes salva-vidas para os que sobreviveram as explosões.
Muitos outros passageiros morreram afogados.
Para completar o cenário da tragédia, os primeiros barcos de regaste só chegaram ao local duas horas depois, apesar da proximidade com a costa.
E nem assim o cruzador Juno, que deveria ter escoltado o Lusitânia, apareceu para ajudar.
Uma das explicações para isso é que o governo inglês tenha tido receio de perder um valioso navio de guerra para o mesmo submarino alemão que torpedeara o transatlântico, e que poderia ter ficado de tocaia na região.
A macabra contabilidade do episódio foi de 1 195 mortes, entre as 1 959 pessoas que havia a bordo do Lusitânia — quase o mesmo que o Titanic, três anos antes.
Nos Estados Unidos, a indignação com a morte de tantos cidadãos americanos pressionou o governo americano a aderir a guerra mais tarde, como aliado da Inglaterra, apesar dos indícios de que poderia ter sido o próprio Churchill que teria tramado (ou, ao menos, facilitado) o ataque ao transatlântico.
Se este era o plano, deu certo.
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