Bruce Gordon foi um escocês, que, em 1757, embarcou em uma viagem de captura de baleias nas águas do Ártico a bordo do baleeiro Anne Forbes, cujo comandante não zelava nem um pouco pelos princípios éticos do cargo – vivia bêbado e tomava decisões perigosas.

Numa delas, o tenebroso capitão decidiu penetrar em uma baía já quase congelada, na atual Groenlândia, e de lá não mais conseguiu sair.

O barco acabou aprisionado e esmagado pelo gelo.

Todos os tripulantes foram parar no mar, e, igualmente bêbados, morreram afogados ou congelados.

Menos Bruce Gordon, que, sóbrio, sobreviveu para viver uma história extraordinária.

Após conseguir escalar o casco parcialmente despedaçado e abrigar-se em uma parte não submersa do barco, onde, por sorte, ficava o compartimento de mantimentos, Gordon adormeceu, exausto.

Quando acordou, ouviu ruídos e julgou ser alguém vindo resgatá-lo.

Mas eram ursos polares, devorando, no mar, os corpos dos seus companheiros de viagem.

Um dos animais, porém, farejou os mantimentos no interior do barco e entrou no que restou do baleeiro – com Gordon dentro dele.

Desesperado, o escocês não teve outra opção senão se atracar com o animal, munido apenas de uma faca.

Sem saber exatamente como, conseguiu desferir diversas facadas e matar o urso – uma fêmea de bom tamanho.

Aproveitando a oportunidade, começou a remover a pele do bicho, para usar como proteção contra o frio, e estocou sua carne, como alimento futuro.

Logo, porém, Gordon recebeu a visita de outro urso no seu curioso abrigo: um filhote, que ele deduziu ser cria da ursa que havia matado, e que vinha em busca da mãe, atraído pelo seu cheiro.

Aquilo sensibilizou o marinheiro, que resolveu adotar o animal como mascote – uma fêmea com pouco tempo de vida e, portanto, ainda dócil.

Ele a batizou de Nancy e passou a ser sua companhia constante.

Mais tarde, Gordon treinou o animal para capturar peixes sob o gelo e dividi-los com ele.

Os dois passaram meses juntos, dividindo o pequeno espaço do que restara do barco esmagado, mas ainda preso ao gelo.

Com a chegada da primavera, Gordon decidiu que era hora de partir em busca de ajuda, mas não quis abandonar Nancy, que o seguia para onde fosse, feito um cachorrinho.

Gordon, então, decidiu levar a ursa com ele, mas nem precisou sair de onde estava, porque o bloco de gelo no qual os restos do barco estavam encravados começou a ser arrastado pelo mar, que descongelava.

Dias depois, em sua estranha ilha de gelo, Gordon avistou uma pessoa caminhando ao longe e tentou chamar sua atenção, com gritos e batidas no casco do barco.

Mas quando Nancy resolveu ajudar e urrou forte, a pessoa que podia ser a salvação do marinheiro solitário saiu correndo, em disparada.

O bloco de gelo, com aqueles dois insólitos seres aboletados nele, seguiu vagando por semanas à fio, até que atingiu o que parecia ser o continente – mas, na verdade, a Groenlândia, que não passa de uma gigantesca ilha.

Uma vez desembarcado em terra firme, Gordon encontrou rastros de cães na neve e resolveu segui-los.

Não demorou muito e chegou a um vilarejo de descendentes de noruegueses, onde foi recebido com certa estranheza, especialmente por estar na companhia de uma ursa.

Mas, mesmo assim, recebeu abrigo e ficou sabendo que barcos baleeiros costumavam aparecer por ali, de vez em quando.

Era a sua chance de retornar à Escócia.

Mas o que fazer com Nancy?

Foi a própria ursa que resolveu o dilema.

Dias depois, ela fugiu do vilarejo, aparentemente sem nenhum motivo.

Nunca mais se teve notícias da ursa do Ártico que cresceu na improvável companhia de um humano.

Já Bruce Gordon acabou resgatado por pescadores e retornou à Escócia, sete anos após ter partido.

Lá, enfrentou a incredulidade sobre a sua história, mas, por fim, acabou sendo reconhecido como o único sobrevivente do Anne Forbes, na solidão de uma terra naquela época ainda desconhecida.

Mas, de certa forma, foi beneficiado por uma feliz coincidência.

Pouco antes disso, fora lançado na Europa um livro que logo se tornou um estrondoso sucesso.

Ele narrava a longa saga de um náufrago imaginário numa ilha deserta, na companhia apenas da natureza selvagem e de alguns animais.

Seu nome era Robinson Crusoé, e embora a história se passasse em uma ilha tropical, serviu para promover também Bruce Gordon, que vivera a mesma situação, só que na vida real.

Com isso, ele passou a ser chamado de “Crusoé do Ártico”, e assim entrou para a história.

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