Em meados de 2019, uma comissão americana de pesquisas históricas anunciou que havia descoberto, soterrado no fundo da baía que banha a cidade de Mobile, no Alabama, os restos de um antigo navio negreiro.

Seria apenas mais um achado do gênero, entre tantos outros, não fosse a peculiaridade daquele barco, identificado como sendo o Clotilda.

Ele fora o último navio negreiro a levar escravos da África para os Estados Unidos, e chegou lá em 1860 – 52 anos após o Congresso Americano ter proibido o comércio de seres humanos.

Ou seja, era um barco que transportava escravos contrabandeados.

Mas isso também não era nenhum fato inédito.

O que tornava aquele navio negreiro realmente peculiar é que ele havia feito aquela viagem proibida por um mero capricho de um poderoso fazendeiro da região, chamado Timothy Meaher, que havia apostado com amigos de que, apesar da proibição, conseguiria continuar trazendo escravos para a América, zombando assim da Lei e da sede do poder dos Estados Unidos, em Washington, na parte norte do país, então em vias de entrar em conflito com os “sulistas” – como o próprio Meaher -, no que, logo em seguida, resultaria na Guerra Civil Americana.

E assim Meaher fez, comprando o Clotilda e contratando o capitão William Foster para realizar apenas aquela viagem, que, por fim, trouxe para Mobile 110 negros escravizados, comprados no Reino de Benin, na África.

Ao chegar na cidade, seguindo orientações de Timothy Meaher, o capitão Foster desembarcou todos os seus prisioneiros e tacou fogo no Clotilda, eliminando assim provas do ato criminoso de ambos.

Em seguida, o fazendeiro foi receber o dinheiro da aposta que havia feito com outros ricos fazendeiros da região, e se vangloriar do feito.

Já os 110 africanos (homens, mulheres e crianças) trazidos no Clotilda naquela última travessia do gênero, para os Estados Unidos, foram imediatamente incorporados aos trabalhos braçais nas fazendas do arquiteto daquela operação hedionda, e ali ficaram, executando trabalhos escravos.

Mas não por muito tempo.

Cinco anos depois, logo após o final da Guerra Civil Americana, que durou de 1861 a 1865, o governo unificado dos Estados Unidos decretou a abolição da escravidão, nos país inteiro.

Uma vez livres, aqueles sobreviventes da última viagem do Clotilda decidiram, então, formar uma comunidade, batizada de Africatown (“Cidade da África”), nos arredores de Mobile, onde até o idioma original deles, o iorubá, voltou a ser praticado.

Até hoje, Africatown, agora incorporada à cidade de Mobile, mas com administração própria, ainda abriga descendentes dos escravos trazidos naquela infame última viagem do Clotilda, que aconteceu a partir de uma execrável aposta.

Gostou desta história?

Ela faz parte dos livros HISTÓRIAS DO MAR – 200 CASOS VERÍDICOS DE FAÇANHAS, DRAMAS, AVENTURAS E ODISSEIAS NOS OCEANOS, cujos VOLUMES 1 e 2 podem ser comprados CLICANDO AQUI, com desconto de 25% para os dois volumes e ENVIO GRÁTIS.

Clique aqui para ler outras histórias

VEJA O QUE ESTÃO DIZENDO SOBRE OS LIVROS HISTÓRIAS DO MAR


Sensacional! Difícil parar de ler”.
Amyr Klink, navegador

“Leitura rápida, que prende o leitor”.
Manoel Júnior, leitor


“Um achado! Devorei numa só tacada”.
Rondon de Castro, leitor

“Leiam. É muito bom!” 
André Cavallari, leitor