Um dos fatores que ajudaram os Estados Unidos a virarem a seu favor a guerra no Atlântico foram os chamados “Liberty Ships”, como foram apelidados os espartanos navios de médio porte que o país começou a construir a partir de 1941, para o transporte geral de mercadorias até os combates.

Extremamente básicos, sem sequer eletricidade nem água corrente para os seus (poucos) tripulantes, os Liberty Ships eram, por isso mesmo, construídos em pouquíssimo tempo, seguindo os princípios da “produção em série”, método criado por Henri Ford para a primeira linha de montagem de automóveis do mundo.

Só que o empresário responsável por aquela mudança radical na forma de se construir navios – e que acabaria pegando de surpresa os inimigos – foi outro: o americano (ironicamente filho de imigrantes alemães), Henry Kaiser.

Ao produzir separadamente as diferentes partes dos navios, para depois uní-las com soldas em vez de rebites, como era hábito na época, Kaiser encurtou sobremaneira o processo e o tempo de construção nos estaleiros. E os projetos minimalistas dos Liberty Ships contribuiram ainda mais para isso.

Logo, começaram a jorrar dos estaleiros americanos mais de 140 desses navios por mês. E a quantidade seguiu aumentando, à medida que os fabricantes foram adquirindo prática e, sobretudo, agilidade nos processos. No total, em pouco menos de quatro anos, foram feitos nada menos que 2 710 destes navios, feitos para transportar de tudo – de laranjas a tanques de guerra.

O primeiro Liberty Ship, o SS Patrick Henry, lançado no mar em 27 setembro de 1941, levou cinco meses para ficar pronto – ainda assim um tempo espantosamente curto para se construir um navio. Mas, dali em diante, pressionada por Henry Kaiser (cujo mantra era que sempre seria possível “fazer mais, em menos tempo”), a indústria americana passou a produzir os Liberty Ships em cada vez menos tempo. Na média, apenas 45 dias.

O recorde, no entanto, foi o lendário cargueiro Robert E. Peary, que foi inteiramente montado em inacreditáveis 4 dias, 15 horas e 29 minutos, em novembro de 1942. E, embora os Liberty Ships fossem feitos para durar pouco, dada a sua vulnerabilidade, já que, por questões de custo e tempo, não tinham nenhum instrumento de auto-defesa, o Robert E. Peary não só sobreviveu as batalhas no Atlântico e no Pacífico, como terminou a guerra ainda em bom estado e navegando.

Só em 1963, quase 20 anos depois de ser construído, o bravo Robert E. Peary foi descomissionado e desmontado. Poucos Liberty Ships duraram tanto. Mesmo tendo sido construído em menos de uma semana.

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