O que você faria se achasse um tesouro no fundo do mar?

O americano Tommy Thompson escolheu ir para a prisão.

E permanece nela até hoje, sete anos depois, embora possa sair da cadeia a hora que quiser — basta revelar a localização do que o levou a ser preso: o tal tesouro que achou no fundo do mar

Mas Thompson se recusa a fazer isso e segue preso nos Estados Unidos.

Segundo a justiça americana, Thompson, hoje com 70 anos de idade, continuará preso até que resolva revelar onde escondeu o tesouro que achou dentro dos escombros do S.S. Central America, um barco americano que afundou em 1857, na costa da Carolina do Sul, vítima de um furacão.

Mas ele diz não ter como fazer isso, porque alega que não sabe onde está o tal tesouro, composto por cerca de 500 pequenas barras de ouro, moldadas em forma de moedas.

Thompson foi preso em 2015, em um hotel da Florida, onde estava hospedado com nome falso.

Até então, ele cumpria rigidamente uma rotina de pagar todas as suas contas em dinheiro vivo (inclusive o hotel, onde morava permanentemente em uma suíte), e só usava ônibus e táxis, para não deixar pistas.

Foi um dos fugitivos mais inteligentes que já perseguimos”, disse, na ocasião, a Polícia de Boca Raton, na Florida.

Uma vez preso, Thompson foi levado à justiça, onde se declarou culpado, mas apenas por ter faltado a uma audiência na Corte Federal americana, três anos antes, que julgaria uma ação impetrada contra ele por uma série de investidores particulares, que haviam financiado a tal busca pelo tesouro – e que nunca receberam a parte a que teriam direito.

Três anos depois, em 2018, a Corte decidiu que Thompson teria que pagar uma indenização de quase 20 milhões de dólares aos investidores, e, para isso, exigiu que ele revelasse o esconderijo do tal tesouro, sob pena de ser mantido preso até que isso acontecesse.

E foi o que aconteceu

Desde então, Thompson se recusa a revelar onde as moedas estão, alegando que não tem mais acesso a elas.

Além de permanecer preso, ele foi condenado a pagar uma multa de 1 000 dólares por dia pela não revelação da localização do tesouro, o que faz com que sua dívida com o governo americano já passe dos dois milhões de dólares.

O curioso é que Thompson pode se livrar da pena – e da cadeia – a hora que quiser: basta pagar a multa e revelar onde está o tesouro.

Mas ele prefere ficar preso a revelar onde as moedas estão.

A peculiar história de Thompson, um ex-mergulhador e pesquisador marinho, começou 35 anos atrás, em 1988, quando ele, após uma longa busca, encontrou os restos do S.S. Central America.

Conhecido como “Navio do Ouro”, porque levava uma fortuna em ouro extraída dos garimpos da Califórnia, o S.S. Central America era considerado uma espécie de Santo Graal dos naufrágios nos Estados Unidos, justamente pela quantidade de riquezas que transportava

Na época, Thompson angariou cerca de 12 milhões de dólares com investidores privados, que foram usados para encontrar o navio naufragado, com a promessa de devolver o dinheiro com muitos dividendos, quando o tesouro fosse resgatado.

Mas isso nunca aconteceu.

Embora tenha ficado milionário só com a quantidade de ouro que retirou do navio afundado, Thompson jamais pagou um centavo aos financiadores do projeto.

E fugiu.

Com isso, se transformou em um dos mais peculiares presos dos Estados Unidos, porque sua liberdade só depende da vontade dele próprio.

Mas ele se recusa a sair da cadeia, porque, para isso, terá que revelar onde as moedas estão.

Thompson garante que já disse tudo o que sabe sobre o paradeiro das moedas – ou seja, que ele não sabe onde elas estão.

Só que ninguém acredita nisso.

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