Um dos artifícios mais comuns na Segunda Guerra Mundial era proibir as comunicações via rádio, para evitar interceptações das mensagens pelo inimigo.

Mas, ironicamente, foi esta precaução que, em 26 de outubro de 1942, vitimou um dos maiores navios da época: o gigantesco President Coolidge, um luxuoso transatlântico convertido em navio de transporte de tropas americanas, no Pacífico Sul.

Instruído a não falar ao rádio para não permitir a localização de uma base americana que havia na ilha de Espirito Santo, atual Vanuatu, para onde ele se dirigia, com 5 092 soldados, o comandante do President Coolidge acabou vítima das minas que os próprios americanos plantaram no canal de acesso a base – e que ele desconhecia.

Contribuiu também para o desastre o fato de o barco de apoio enviado para a entrada do canal, a fim de alertar, com sinais luminosos, o President Coolidge sobre a perigosa novidade, ter se posicionado atrás de uma ilhota, o que impediu que suas luzes fossem corretamente vistas e decifradas pela tripulação do navio.

Com isso, sem saber das minas e sem comunicação com a base pelo rádio, o President Coolidge entrou no canal sem maiores preocupações, a vigorosos 17 nós de velocidade, ignorando a presença das armadilhas do caminho.

Quando, ao longe, a base viu o navio avançando daquele jeito, lançou um desesperado alerta de “Pare”, em código Morse.

Mas era tarde demais.

Duas minas explodiram sob o casco do ex-transatlântico, deixando o grande navio ferido de morte.

No mesmo instante, o comandante alterou o rumo para a margem do canal, onde a menor profundidade facilitaria o resgate, tanto dos soldados, quanto do próprio navio.

O President Coolidge encalhou a poucos metros da praia (tão perto que alguns soldados saíram do navio caminhando), mas à beira de um precipício que dava forma ao próprio canal.

E começou a deslizar rapidamente.

Em pouco mais de uma hora, já estava totalmente submerso, e seguiu descendo, até o fundo, onde se encontra até hoje, na condição de um dos mais preservados naufrágios da Segunda Grande Guerra.

Mas, quando isso aconteceu, todos os soldados já haviam sido evacuados do navio.

Apenas dois tripulantes morreram (um deles, porque decidiu voltar ao navio ao dar falta de um amigo – que acabou sendo a segunda vítima) na mais desastrada grande perda naval dos Estados Unidos naquele conflito.

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