No passado, não só o volume, mas também o armazenamento e até o tipo de carga transportada desempenhava um papel relevante na capacidade de navegação dos barcos.

Um carregamento inadequado poderia selar o destino da embarcação.

Foi o que aconteceu com o cargueiro inglês Cairnsmore, em 26 de setembro de 1883, quando tentou penetrar na sempre difícil barra do Rio Columbia, na costa oeste americana, onde a combinação de fortes correntezas, canais estreitos e ventos quase sempre bem fortes sempre foi responsável por centenas de naufrágios – até hoje.

Abarrotado com 7 500 barris de cimento e com a visibilidade comprometida por um denso nevoeiro, o navio perdeu agilidade nas manobras e encalhou na foz do traiçoeiro rio.

Sabendo que não teria como tirar a pesada embarcação de lá naquele instante, a tripulação decidiu pedir ajuda ao vapor Queen of the Pacific, que vinha logo atrás do Cairnsmore.

Eles, então, passaram para o outro barco e seguiram para terra firme, programando retornar no dia seguinte, para o resgate.

E voltaram – mas só para descobrir que, por um insólito motivo, seria impossível remover o barco.

Em contato com a água que invadira os porões durante o encalhe, o cimento que o Cairnsmore transportava endureceu e transformou o casco inteiro do navio em uma espécie de fundação enterrada na areia, selando para sempre o destino do cargueiro – que acabou sepultado no próprio jazigo que construiu.

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