A America´s Cup, a regata mais famosa e tradicional do mundo e, também, a mais antiga competição ainda em disputa entre todos os esportes, foi assim batizada por conta de um barco: o iate americano America, cuja história foi, de fato, digna de tal homenagem.

O America foi construído em 1851, nos Estados Unidos, como uma prova de que os americanos já eram capazes de construir barcos tão bons e velozes quanto os dos colonizadores ingleses – que haviam acabado de deixar o país, com a independência americana.

Assim que ficou pronto, ele cruzou o Atlântico para participar de uma competição contra 17 barcos ingleses, na própria Inglaterra – foi, também, o primeiro barco a cruzar um oceano com o único objetivo de participar de uma regata.

Lá chegando, não fez por menos e venceu a prova, fato que acabou gerando um comentário que entrou para a História.

Quando a rainha inglesa Victoria, que estava presente ao evento, perguntou a um súdito qual barco havia chegado em segundo lugar, atrás do veleiro americano, ouviu, respeitosamente, que “naquela regata não havia segundo colocado, porque só o vencedor importava”.

A partir de então, em homenagem à vitória daquele veleiro vindo de uma ex-colonia, a competição passou a ser chamada de “America´s Cup” e começou a ser disputada a cada três ou quatro anos, ou quando surge um desafiante ao atual detentor da taça.

Fazendo jus ao nome da própria competição, o domínio americano na America´s Cup durou longos 130 anos, até ser finalmente quebrado pelo veleiro australiano Australia III, em 1983.

Já o barco que deu origem a própria competição – e à hegemonia centenária americana – teve um destino bem mais curto e um fim inglório.

Depois daquela surpreendente vitória na Inglaterra, o America foi vendido a um milionário inglês, que o rebatizou de Camilla.

Em seguida, o barco passou pelas mãos de outros donos europeus, até retornar aos Estados Unidos, às vésperas da Guerra Civil americana.

Ao chegar, foi requisitado pelos Confederados para atuar no conflito e teve o seu nome novamente alterado, desta vez para Memphis.

Por conta da sua incrível capacidade de velejar rápido, foi transformado em barco de interceptação de embarcações que supriam os inimigos da União com armamentos e mantimentos.

Mas, quando os Confederados se viram cercados, o destino do America acabou sendo selado.

Para não cair nas mãos dos inimigos, o outrora garboso veleiro foi propositalmente afundado, em 1862, em um canal, nos arredores de Jacksonville, no norte da Florida.

E ali ficou por mais de um ano, até ser localizado, ainda em bom estado, por um pesquisador das tropas da União.

O America foi, então, recuperado, voltou a navegar com o seu nome original, mas passou a combater do outro lado do conflito.

Quando a Guerra Civil terminou, ele passou a ser usado como barco de treinamento da Academia Naval de Annapolis.

Mas, seis anos depois, em 1870, voltou a disputar a copa que ele mesmo criara, terminando em quarto lugar – nada mal para um barco com já quase 20 anos de uso e tantos contratempos no currículo, inclusive um completo naufrágio.

Depois disso, o America foi vendido ao general americano Benjamin Butler, que o usou como iate particular, por outros 20 anos.

Em 1893, com a morte do general, o histórico veleiro foi arrematado por um comitê de restauração da história americana e novamente entregue a Academia de Annapolis.

Lá, foi reformado, restaurado e colocado em exposição permanente, como reconhecimento por aquela histórica vitória contra os ingleses, décadas antes.

E assim o veleiro ficou por muitos anos, até que, em 1942, com o início da Segunda Guerra Mundial, foi retirado da água e levado para um galpão da academia, a fim de não correr nenhum risco.

Mas, ironicamente, foi justamente ali, na pseudo segurança de um depósito, que o America encontrou o seu final inglório.

Durante uma tempestade, em 29 de março daquele ano, o teto do galpão desabou, despedaçando o barco que, de certa forma, simbolizava o próprio orgulho americano.

Ficou, no entanto, o legado da America´s Cup, a mais famosa competição de barcos a vela do mundo, que é disputada até hoje.

 

 

 

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