O japonês Masafumi Nagasaki tinha 82 anos de idade quando foi obrigado, pelas autoridades japonesas, a deixar a ilha onde viveu isolado por quase 30 anos, na costa do Japão, e proibido de retornar.
O motivo da expulsão fora a saúde já debilitada do ermitão, que ficou conhecido como o “Robinson Crusoé Japonês”.
O ancião foi, então, alocado em uma casa na cidade de Ishigaki, mantida por um órgão de assistência social do governo japonês, onde, desde então, passa os dias remoendo as lembranças da vida tranquila que levava na ilha, amargurado com sua “volta à civilização”.
Para preencher o tempo, faz pequenas caminhadas no quarteirão, interrompidas a todo instante para recolher qualquer tipo de resíduo que encontra nas calçadas.
Desde que decidiu viver sozinho, feito um náufrago voluntário, na deserta ilha Sotobanari, no extremo sul do Japão, Masafumi Nagasaki desenvolveu profundo respeito pela natureza e uma verdadeira obsessão por limpeza.
Quando repórteres começaram a chegar à ilha, a fim de conhecê-lo, ele os obrigava a, antes de desembarcar, mergulhar no mar e se lavar, para não “contaminar” a ilha. “Não posso ficar doente”, explicava.
Mas, um dia, por conta da idade avançada, ficou.
E os órgãos de saúde do Japão foram buscá-lo, o levaram para um hospital e o proibiram de retornar à ilha. Para sempre.
Com isso, o desejo de Masafumi, de morrer em paz na sua ilha deserta, em total harmonia com a natureza, não poderá mais ser realizado.
“É importante ter um bom lugar para morrer”, explicou Masafumi, ao tentar convencer os agentes de saúde a liberá-lo, após a internação.
Não adiantou.
Ele agora vive cercado de cuidados numa casa de verdade (e não dentro de uma gruta de pedra, como vivia na ilha), mas visivelmente incomodado.
Na nova vida que foi obrigado a levar, Masafumi também teve que se readaptar a vestir roupas, já que na ilha ele vivia nu.
“No começo, eu até tinha algumas roupas, mas, um dia, um tufão passou pela ilha e saiu tudo voando. Daí, conclui que não precisava andar vestido num lugar onde só havia eu”, explicou, quando voltou à chamada “vida normal”.
Vegetariano convicto, mesmo durante as três décadas em que passou sozinho na ilha, Masafumi se alimentava apenas com as verduras que plantava e com o arroz que, de vez em quando, ia comprar numa ilha próxima, com o equivalente a cerca de 80 dólares que sua irmã lhe dava de ajuda.
“Só quando ia até a outra ilha eu me vestia”, explicou também.
Embora estivesse rodeado de mar por todos os lados, ele sequer pescava, porque tinha pena de tirar os peixes da água.
“A natureza tem que ser respeitada”, repete até hoje o ex-ermitão, agora condenado a terminar os seus dias no mesmo local de onde havia fugido: as urbanizadas cidades do Japão.
Até onde se sabe, Masafumi Nagasaki foi, até hoje, o homem moderno que mais tempo passou numa ilha deserta.
E, todos os dias, ele ainda sonha em voltar para lá.
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