Mulheres que cuidam de faróis não são nenhuma novidade.
Desde o começo desse tipo de sinalização marítima, sempre houveram mulheres que se dedicaram a esse tipo de trabalho, difícil e solitário.
Mas a mais jovem faroleira que se tem notícia foi, também, uma heroína.
A americana Ida Lewis tinha apenas 16 anos de idade quando, em 1857, assumiu o controle do farol de Lime Rock, numa pequena ilha na entrada do porto de Newport, no estado de Rhode Island, após seu pai, o verdadeiro faroleiro, sofrer um derrame cerebral.
E nunca mais saiu da ilha.
Durante 52 anos, Ida manteve o posto de faroleira e promoveu uma série de salvamentos, sempre com pesados barcos a remo, que manejava com incrível habilidade.
Um deles, até lhe rendeu a Medalha de Honra do Congresso Americano e o título de A Mais Brava Mulher da America.
Por isso, quando Ida morreu, também de derrame, em 25 de outubro de 1911, todos os navios do porto de Newport apitaram seguidamente, em sua homenagem.
Ida Lewis se tornou uma lenda entre os navegantes americanos.
Tanto que o farol de Lime Rock, onde ela passou praticamente a vida inteira, foi rebatizado com o seu nome – bem como o elegante iate clube da cidade, que, todos os anos, relembra a interessante história da menina que cresceu em um farol e dele nunca mais se separou.
Outro caso mundialmente famoso foi a de uma também faroleira – e ainda mais heroína – inglesa, filha do responsável pelo farol da ilha Farne, na costa da Inglaterra.
Ela era apenas uma jovem de 20 anos quando, ao amanhecer do dia 7 de setembro de 1838, subiu ao topo da torre, como sempre fazia, e de lá avistou um barco afundando.
Era o vapor Forfarshire, que havia batido nas rochas na noite anterior, deixando muitas vítimas na água, quase todas já mortas, em um dia de mar especialmente agitado.
A jovem desceu em disparada, chamou pelo pai e embarcou com ele em um pequeno bote a remo, único meio de navegação que eles tinham.
Indo e vindo seguidamente entre a ilha e o naufrágio, pai e filha conseguiram salvar cinco pessoas, a despeito das grandes ondas que ameaçavam transformar eles próprios em náufragos.
A nobre atitude dos dois se espalhou entre os marinheiros e transformou sobretudo a jovem em uma heroína.
Até a Rainha Victoria ficou sabendo do feito e recompensou a família com uma soma em dinheiro, para ser usada na educação da generosa filha, que, por coincidência ou não, atendia pelo gracioso nome de Grace Darling – algo como “Graça Querida”.
Para os cinco sobreviventes do Forfarshire que ela ajudou a salvar, não poderia mesmo ter havido graça mais benvinda.
Por essas e outras, para todos os marinheiros ingleses do século 19, Grace Darling virou a “Heroína mais que querida”.
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