Na década de 1960, a pesca da lagosta no litoral do Nordeste brasileiro gerou uma séria crise diplomática entre Brasil e França e quase culminou em ações bélicas entre os dois países, no que ficou conhecido como a Guerra da Lagosta – que, de guerra mesmo, felizmente, não teve nada, a não ser ameaças dos dois lados.

Tudo começou quando barcos lagosteiros franceses passaram a frequentar o litoral de Pernambuco em busca do cobiçado crustáceo, amparados por autorizações concedidas pelo governo brasileiro para realizar “pesquisas pesqueiras” no nosso litoral.

Mas, ao constatar que os barcos estavam apenas capturando lagostas, a licença foi cancelada.

Os barcos franceses, no entanto, não desistiram da empreitada e um deles foi apreendido pela corveta brasileira Ipiranga, deflagrando um conflito que chegou a ter momentos cômicos.

Um deles foi quando o governo francês tentou alegar que as lagostas não poderiam “pertencer ao território brasileiro”, como o Brasil alegava, pois se tratavam de “uma espécie de peixe” e, “como peixes, podiam nadar livremente por todos os oceanos”.

Já o governo brasileiro respondeu citando que, pela Convenção de Genebra, todos os recursos submarinos pertencem ao país mais próximo deles e que, de mais a mais, lagostas eram “crustáceos e não “peixes”, portanto não nadavam.

O fato gerou um famoso e bem-humorado comentário do oceanógrafo Paulo de Castro Moreira da Silva, que ironizou os franceses, dizendo: “Se a lagosta for um peixe, porque se desloca dando saltos na água, então os cangurus são aves, já que pulam no ar”.

Além do abuso de vir pescar em águas brasileiras tão próximas da costa, os franceses ainda usavam nas suas operações de captura da lagosta redes de arrasto, então já proibidas no Brasil, o que gerou ainda mais conflito.

No auge da crise, a França chegou a mandar um navio de guerra, o Tartu, para as proximidades da costa do Nordeste, com a tarefa de proteger os barcos pesqueiros franceses.

Já o Brasil respondeu enviando diversos navios da Marinha, além de aviões militares para a região.

O embate virou, então, um teatro de ameaças e intimidações mútuas, enquanto, nos bastidores, os diplomatas tentavam chegar a um acordo pacífico.

As discussões duraram meses, até que, em 10 de março de 1963, a França finalmente concordou em retirar o seu navio militar das águas brasileiras, bem como os barcos pesqueiros que vinham sendo protegidos por ele.

O Brasil, então pode dizer que vencera a “Guerra da Lagosta”, e, com base no episódio, tratou de proteger melhor o seu mar, dali em diante.

Um ano depois, o governo brasileiro estendeu os limites do mar territorial do país, das então apenas 12 para 200 milhas da costa, o que vigora até hoje.

Foi o que de melhor a Guerra da Lagosta deixou para os brasileiros.

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