Em 1º de abril de 2008, quando vasculhavam o fundo de uma antiga lagoa que secara, por conta do recuo do mar, na costa da Namíbia, no litoral da África, geólogos da maior empresa de diamantes do mundo, a De Beers, encontraram algo bem mais valioso do que as pedras preciosas que buscavam.
Encontraram os restos soterrados de uma caravela portuguesa do século 16, contendo lingotes de cobre, presas de marfim e nada menos que 2 333 moedas de ouro.
E foram aquelas moedas que permitiram identificar a nau como sendo a caravela Bom Jesus, que partira de Lisboa, em 1533, rumo à Índia, levando bens que seriam trocados por mercadorias.
Mas a Bom Jesus não passou da costa africana.
Ali, ela afundou dentro de uma baía, que, mais tarde, por conta dos caprichos das marés, recuou até secar por completo, hoje dentro dos limites de uma das maiores e mais protegidas minas de diamantes do mundo – razão pela qual os restos da histórica caravela ficaram protegidos, seguros e intactos por quase cinco séculos.
Contribuiu, também, para a preservação da embarcação, o fato de, ao contrário do esperado, seus restos não estarem debaixo d´água e sim soterrados na areia seca do que se tornaria, com o recuo do mar, uma extensão do grande deserto da Namíbia, que avança até o litoral.
A areia quente e seca do deserto ajudou a preservar o barco soterrado, que só foi descoberto, acidentalmente, quando os geólogos a prospectar o solo, em busca de jazidas de diamantes.
Para ele, foi um achado tão surpreendente quanto curioso, já que não precisaram sequer molhar os pés para encontrar um barco naufragado.
Bastou cavar um pouco, para achar algo bem mais valioso do que diamantes.
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Foto: Reprodução ncultura.pt