Em meados de 1955, o navio cargueiro Lloyd Nicaragua atracou no porto do Rio de Janeiro, vindo da Europa, com uma carga no mínimo inusitada: uma enorme baleia jubarte morta, mas conservada dentro de um tanque de formol.

O animal havia sido capturado – e morto – anos antes, na costa do Marrocos, e desde então vinha sendo mantido intacto, graças a imersão no milagroso produto químico.

Mas, ao contrário do poderia parecer, o destino do cadáver daquele cetáceo não era nenhum centro de pesquisa, museu ou instituto da vida marinha: eram os shows em praça pública, nas principais cidades do Brasil.

Os eventos, largamente propagandeados em anúncios de jornal e cartazes espalhados pelas ruas, consistiam em exibir o gigantesco animal, que media quase 20 metros de comprimento e pesava 60 toneladas, no tal tanque e, depois, com a ajuda de um guindaste, extraí-lo daquela piscina de formol, para que as pessoas pudessem tocá-lo.

Foi um tremendo sucesso. Apesar da morbidez do espetáculo.

O intuito era convencer o ingênuo público de que aquela “baleia-gigante” era a lendária Moby Dick, embora o fictício animal do livro de Herman Melville fosse um cachalote, não uma baleia jubarte, e aquela obra tenha sido escrita no século 19.

Mesmo assim, muita gente acreditou.

E até quem sabia do caráter apelativo do evento, foi ver de perto o gigantesco animal morto.

Afinal, não era todo dia que se via uma baleia de verdade, bem ao alcance das mãos, no centro de metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo.

O patético espetáculo foi especialmente concorrido na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, por conta de um lance oportunista: o time de futebol da cidade, o Santos Futebol Clube, tinha uma baleia como símbolo, mas muitos dos seus torcedores jamais haviam visto uma ao vivo – ou, no caso, morta.

Mas isso pouco importava.

Durante dias, uma multidão lotou a principal praça do centro da cidade para tocar o corpanzil gelado do animal, que, em seguida, perambulou por outras cidades brasileiras.

Até que, de tanto ser retirado do tanque para ser tocado pelas pessoas, o cadáver da infeliz baleia começou a apodrecer e a exalar mal cheiro, o que afugentou os visitantes.

Quando isso aconteceu, foi simplesmente descartado em um aterro sanitário, sem sequer ser doado para um centro de pesquisa.

E só após encher os bolsos dos organizadores do bizarro espetáculo.

Imagem: Reprodução jornal A Tribuna, Santos

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