Não há enigma mais intrigante nos mares do planeta do que o destino que tiveram os tripulantes do barco americano Mary Celeste, encontrado à deriva, sem ninguém a bordo, mas em perfeito estado, no meio do Atlântico, em dezembro de 1872.

Quando ele partiu de Nova York, rumo a Gênova, na Itália, levava uma carga de mais de mil barris de álcool e dez pessoas a bordo, incluindo a família (mulher e uma filha pequena) do seu comandante, Benjamin Briggs, um experiente capitão. Mas jamais apareceu sobrevivente ou corpo algum dos seus ocupantes.

É praticamente certo que eles tenham abandonado o barco, já que a única coisa que não estava a bordo era o bote salva-vidas e alguns instrumentos de navegação.

Mas, por que teriam feito isso se, mesmo ao ser encontrado, o Mary Celeste ainda estava em condições de navegar?

E por que trocar um barco grande e seguro por um bote pequeno e arriscado em pleno oceano?

As perguntas sempre foram bem mais numerosas do que as respostas neste caso realmente intrigante e que desafia os velhos marinheiros há quase um século e meio.

Muitas teorias já foram desenvolvidas, mas jamais houve uma explicação conclusiva para o que teria acontecido a bordo do Mary Celeste, entre os dias 24 de novembro (data do último registro no seu diário de bordo, após ele passar ao largo de uma das ilhas dos Açores) e 5 de dezembro de 1872, quando foi localizado por outro barco, o Dei Gratia, que fazia a mesma rota.

E, muito provavelmente, jamais se saberá.

O que se sabe de concreto é que o Mary Celeste partiu de Nova York em 7 de novembro e, a julgar pelos registros no seu livro de bordo, vinha fazendo uma viagem tão tranquila quanto o estado do mar à sua volta.

Até que foi encontrado boiando vazio, com quase todas as velas arriadas, mas em perfeito estado e sem nenhum sinal aparente de problema, exceto alguns detalhes intrigantes.

Um deles é que a carga de álcool estava praticamente intacta, mas nove barris jaziam vazios – teriam vazados ou sido consumidos?

Outro detalhe é que havia água e comida em boa quantidade – por que trocar um barco abastecido por um simples bote no deserto de um oceano?

Todos os pertences dos ocupantes também permaneciam a bordo, o que significa que eles teriam partido às pressas – mas, por qual motivo?

E as velas quase todas recolhidas também indicavam que o Mary Celeste fora propositalmente parado no meio do mar, possivelmente para que os ocupantes desembarcassem – mas por que a tripulação abandonaria um barco que ainda podia navegar?

Também havia um pouco de água empoçada dentro dos porões, mas poderia ser obra da chuva ou mesmo do mar, depois que o barco ficou à deriva.

E havia também um cabo partido, boiando na popa do barco, como se tivesse rompido ao rebocar algo – seria o bote salva-vidas levando os ocupantes a reboque?

Neste caso, o que de tão grave teria acontecendo no Mary Celeste a ponto de ninguém poder permanecer a bordo?

Cada uma destas perguntas gerou uma tese diferente para tentar explicar um mistério que, até hoje, não tem solução.

Uma delas pregava que o capitão Briggs fora vítima de um motim a bordo.

Ao repreender a tripulação, que estaria bebendo parte da carga (daí os barris vazios de álcool), ele teria sido morto e atirado ao mar, junto com a mulher e a filha.

Em seguida, temendo serem descobertos, os amotinados teriam abandonado o barco, com o bote, mas acabaram engolidos pelo mar, mais tarde.

Contra esta teoria, pesa o fato de que não havia sinais de violência a bordo, mas nem isso pode ser garantido.

Outra tese apregoou um simples ataque de pirataria e – quem sabe? – vindo do próprio barco que supostamente “encontrara” o Mary Celeste, o Dei Gratia.

Como ambos faziam a mesma rota, o Dei Gratia teria perseguido o Mary Celeste e o atacado, para que sua tripulação recebesse o dinheiro pago a quem encontrasse um barco “abandonado”, conforme as regras da época.

Esta foi a principal teoria do inquérito que se seguiu ao mistério.

Tanto que capitão do Dei Gratia, que rebocou o Mary Celeste até o porto de Gibraltar, como forma de pleitear o prêmio, só recebeu um sexto do valor do resgate, mesmo tendo sido absolvido por falta de provas.

Por outro lado, o capitão do Dei Gratia e Briggs eram tão amigos que até jantaram juntos, na véspera da partida do Mary Celeste.

Teria ele tido coragem de trair o amigo?

Já as demais teorias de pirataria logo foram descartadas, porque tanto a carga quanto os pertences estavam intactos.

Mas há uma terceira hipótese e ela estaria ligada a um eventual risco de explosão a bordo do Mary Celeste: uma onda teria derrubado alguns tonéis de álcool (os tais barris vazios) e o vazamento do líquido inflamável colocara em pânico a tripulação, que, precipitadamente, julgou que o barco explodiria e o abandonou – o que explicaria o cabo partido na popa do Mary Celeste.

Ele teria sido usado para manter o bote salva-vidas atado ao barco, com todos os tripulantes, mas rompera (ou soltara…), fazendo com que o Mary Celeste fosse embora (já que, na pressa, nem todas as velas foram arriadas) e o bote, sem remos, não pudesse mais alcançá-lo.

É uma hipótese bem plausível.

Mas, desde aquela época, impossível de ser comprovada.

O mistério do Mary Celeste logo correu toda a Europa e até inspirou o escritor escocês Artur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, a fantasiar ainda mais a história, transformando-a na de um “navio-fantasma”.

Era o que faltava para o mais famoso enigma dos oceanos virar, também, lenda.

A lenda do barco sem ninguém a bordo.

Nos anos seguintes, o verdadeiro Mary Celeste mudou várias vezes de dono e de nome, porque ninguém queria navegar num barco tido como “maldito”.

Até que, em 1885, foi comprado por um comandante falido, que decidiu afundá-lo de propósito, para receber o dinheiro do seguro.

E assim ele o fez, em algum ponto desconhecido do Caribe.

Por mais de um século, nem o derradeiro paradeiro do Mary Celeste foi sabido.

Até que, em 2001, uma expedição financiada pelo escritor de aventuras Clive Cussler garantiu ter localizado seus restos, afundados na costa do Haiti.

Mas o Caribe tem tantos naufrágios que a informação foi contestada e jamais comprovada.

Nem isso se soube sobre o destino daquele misterioso barco.

A história do Mary Celeste jamais teve (ou terá…) um final.

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