Apesar da data, não era nenhuma brincadeira ou mentira.

Em 1º de abril de 2008, quando vasculhavam o fundo de uma antiga lagoa que secara, por conta do recuo do mar, na costa da Namíbia, litoral da África, geólogos da maior empresa de diamantes do mundo, a De Beers, encontraram algo bem mais valioso do que as pedras preciosas que buscavam.

Encontraram os restos de uma nau portuguesa do século 16, contendo lingotes de cobre, presas de marfim e nada menos que 2 333 moedas de ouro.

E foram as moedas que permitiram identificar a nau como sendo a Bom Jesus, que partira de Lisboa em março de 1533, rumo à Índia, levando bens que seriam trocados por especiarias. E cujos documentos foram perdidos no grande incêndio de Lisboa, em novembro de 1755.

Mas, naquela viagem, a Bom Jesus, capitaneada por Francisco de Noronha e tripulada por mais 300 homens, entre marinheiros, mercadores, escravos e padres, não passou da costa africana.

Ali, pouco antes de dobrar o Cabo da Boa Esperança, uma provável tempestade atirou a nau na direção da terra firme, onde a Bom Jesus encalhou e ficou, para sempre, caprichosamente dentro dos limites do que viria a se tornar uma das maiores e mais protegidas minas de diamantes do mundo.

Uma nau cheia de moedas de ouro enterrada em uma praia repleta de diamantes, numa região que viria a ser chamada Sperrgebiet, ou “Área Probida”, em alemão, idioma predominante na Namíbia durante muito tempo – não poderia haver local mais seguro para a preservação de um tesouro histórico.

Contribuiu também para a perfeita preservação de boa parte da embarcação portuguesa (que, ao ser escavada, revelou até uma primitiva seringa de metal, usada para injetar mercúrio nos tripulantes contaminados pela sífilis, mas nenhum osso humano, o que permitiu supor que todos teriam escapado com vida, antes de sucumbirem a uma das áreas mais inóspitas da África) o fato de, ao contrário do esperado, seus restos não estarem debaixo d´água e sim soterrados sete metros na areia seca do que se tornaria, com o recuo do mar, uma extensão do grande deserto da Namíbia, que avança até o litoral.

A areia quente e seca do deserto ajudou a preservar o barco soterrado, que só foi descoberto, acidentalmente, quando os geólogos a prospectar o solo, em busca de jazidas de diamantes.

Para eles, foi um achado tão surpreendente quanto curioso, já que não precisaram sequer molhar os pés para encontrar um barco naufragado.

Bastou cavar um pouco, para achar algo bem mais valioso do que diamantes.

Em vez de mergulhar, eles apenas cavaram.

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“Livro fantástico, mais que recomendado”
Márcio Bortolusso, documentarista e explorador

Foto: Reprodução ncultura.pt