antes do infortúnio que acometeu o aventureiro, o barco de outro navegador americano, David Wysopal, que também atravessava o Pacífico com seu filho, Zachary, de apenas 12 anos de idade, a bordo de um veleiro de pouco mais de 13 metros de comprimento, deixou igualmente de transmitir sua localização, mais ou menos na mesma região.
O sumiço do barco, agravado pelo fato de haver uma criança a bordo, desencadeou uma grande operação de buscas, que, no entanto, a exemplo do caso do remador americano, também não surtiu efeito.
Mas, ironicamente, foi “desaparecimento” de David e seu filho (que, semanas depois, chegariam sãos e salvos à ilha de Samoa, sem saber de nada, já que apenas ficaram sem comunicação no caminho) que resultou na salvação do remador Aaron Carotta – por um extraordinário golpe de sorte.
No mesmo dia em que o barco do remador virou e ele ativou o seu localizador, estava em curso a última operação de buscas que a equipe de resgate sediada no Taiti faria, tentando localizar o veleiro do pai e filho “desaparecidos”.
No exato instante em que Aaron ativou o equipamento, o seu bip de socorro tocou em um dos aviões que faziam a busca pelo veleiro, a muitos quilômetros de distância.
Ao receber o sinal, a equipe da aeronave seguiu para o local, imaginando encontrar pai e filho no mar.
Mas quem estava lá era o remador, às voltas com uma balsa furada e um ameaçador tubarão ao redor dela.
Apenas um par de horas havia se passado desde que Aaron acionara o alarme, com o que lhe restava de carga na bateria do equipamento.
Quando o resgate chegou ao local, Aaron não pode ser resgatado de imediato, porque a equipe estava em um avião, não em um helicóptero, aeronave que não permite o desembarque de resgatistas no mar, muito menos o embarque de vítimas – e aquele ponto era distante demais de qualquer terra firme para a autonomia limitada dos helicópteros de socorro.
A solução foi lançar víveres no mar, próximos a balsa, e pedir para Aaron aguardar o resgate, que teria que ser feito pelo mar.
Mas o remador sequer pode alcançar os objetos, porque o tal tubarão continuava rondando ameaçadoramente a balsa, cada vez mais murcha, por sinal.
Do avião, o centro de operações de buscas foi avisado sobre o inesperado achado (procuravam por dois náufragos e achoaram um terceiro, que nada tinha a ver com o caso), e alguns navios que navegavam na região orientados a recolher o náufrago.
Mesmo assim, a embarcação que estava mais próxima, o cargueiro Baker Spirit, levou cerca de 30 horas para chegar ao local.
Quando isso aconteceu, Aaron foi resgatado e seguiu viagem, no próprio navio, até o Havaí, onde desembarcou dias depois, com um leve quadro de hipotermia e uma interessante história para contar, como narrou nas suas redes sociais:
“As ondas vinham em sequência, uma atrás da outra.
Mas a situação estava sob controle.
De repente, porém, senti um silêncio perturbador, à minha direita.
Com o canto do olho, vi uma crista quebrando, a três ou quatro metros de altura – bem mais do que o padrão das ondas naquele dia.
Percebi, na hora, que estava em apuros.
Pulei para trás e inclinei o corpo, me preparando para o impacto.
Em um instante, já estava dentro d´água, mas ainda preso ao barco emborcado, pelo cinto de segurança.
Custei a processar o que havia ocorrido.
Mas tentei desvirar o barco. Em vão.
Decidi, então, soltar o cinto, mergulhar sob o casco e ativar a balsa salva-vidas inflável, que ficava dentro de uma caixa, mas com disparo automático.
Peguei, também, meu dispositivo de localização e pedido de socorro, único equipamento que ainda tinha alguma carga de bateria – justamente porque eu vinha evitando usá-lo, já que, até então, não estava em uma “situação de emergência”; apenas não tinha energia para me comunicar com o mundo exterior.
E não queria desencadear uma complexa operação de buscas no meio do oceano, porque, afinal, eu estava bem e meu barco também.
Ao pegar a balsa, puxei a cordinha do disparador e ela inflou na hora – mas não totalmente, porque tinha um pequeno vazamento.
Uma vez dentro da balsa, pensei em retornar ao barco, para resgatar comida e alguns documentos, mas desisti, porque logo apareceu um tubarão, que ficou dando voltas em torno da balsa.
Conclui, então, que era hora de ativar o pedido de socorro.
E liguei o aparelho, rezando para que ele fosse ouvido por alguém.
A bateria durou pouco.
Mas o suficiuente.
Pouco mais de um par de horas depois, vi um avião se aproximando, a baixa altitude.
Tão baixo que vi o símbolo da Guarda Costeira pintado na fuselagem.
Foi a melhor coisa que já vi na vida.
Eles estavam ali para me resgatar, sem que eu soubesse o motivo de tamanha agilidade – o que só soube mais tarde.
Fui salvo por uma coincidência ou golpe de sorte.
Mas, para mim, isso teve outro nome: a graça de Deus”.
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